sábado, 8 de outubro de 2011

POESIA: CAMINHOS ENTRE O ABISMO E O HORIZONTE AZUL

                                           VOAREI
                                Jorge Bichuetti

Caminho. Vergo-me no chão;
cheiro o orvalho da relva 
e o perfume da noite 
no luar que me enlouquece 
com sonhos e magia
entre o escuro visçoso do abismo
e o claro brilho das estrelas -
pirilampos do infinto,
velas da esternidade...


No abismos, meus monstros;
a vida fagocitada pelas entranhas da morte...
No infinito, o prenúncio da aurora;
a vida etérea e primaveril,
onde voam encantados
os meus sonhos de menino...

Ali, nesta encruzilhada, me sinto desafiado:
meu passado me gruda no chão,
meus sonhos me pedem asas e
a coragem de ir além, voar e
voar na amplidão,
amanhcendo outro 
nas cores e nas cantigas
que darão beleza e paz
à luz das novas manhãs...


Na fronteira, me divido;
porém, meu coração pulsa
e silencioso me espera,
cansado dos desatinos,
querendo sentir a brisa,
o azul da imensidão...

Vendo o céu estrelado,
temendo os monstros do chão,
me refaço e guerreiro, quero
numa vida nova a estrela da mansidão...

Assim, digo adeus ao passado;
com a pele emplumada, irei
para as terras do amanhã:
não levarei saudades, nem
a mágoa da ingratidão; eu,
simplesmente, voarei... voarei,
entre a ternura e a paixão...



                          ECO DO SILÊNCIO
                                Jorge Bichuetti

Silêncio... eu e o nada,
entre papéis e lembranças.
Uma foto de menino;
a flor no livro recorda
aos ardores da primeira paixão...
Um bichete amassado
é, agora, indecifrável...

O tempo apagou o ontem,
e pouco sabe do amanhã...

No silêncio, resta um eco:
escuto o cantal altivo
dos pássaros nos matagais...
ecoa outras palavras,
a poesia esquecida
que se foi nos vendavais...

Eu e silêncio, só a vida murmura,
assobios de esperanças, ecos do infinito:
- aqui, vigora o nada; as vozes estão além,
é preciso buscar a vida, o jeito é caminhar...



08/10/2011 - ENCONTRO DA UNIVERSIDADE POPULAR

Nenhum comentário: