sábado, 22 de outubro de 2011

DIÁRIO DE BORDO: A VOZ DO VENTO

                                   Jorge Bichuetti

Madrugada... Céu nublado; vento frio... Nos álamos, uma canção... O venta canta a música da vida: exalta-a. celebra-a... Quase uma oração...
A Luinha fugiu, sutil... Dorme e sonha...
Agora, estamos, eu e o silêncio da madrugada, ouvindo o vento; uma canção suave e terna... doce melodia que no ruflar das folhas tece versos de esperança...
O orvalho úmido plasma no chão o cio da renovação...
A esperança contagia o ar e arrepia a minha pele...
Suave manhã: acolhedora e vitalizante... nela, o canto da vida dulcifica o caminho e revela, para além das nuvens cinzas do céu, a vida enternecida pelos sonhos do luar... que partiu, deixando o sereno e o vento, uma sinfonia matinal que acaricia a epiderme do mundo.
Os sinos badalam e assinalam o recomeço: um novo dia...
Os dias não seriam iguais se escutássemos a voz do vento e o seu canto de esperança...
A esperança é inquietação vital... provocação visceral... Ela fala de desejos e sonhos, da vida remoçada na mudança, na ousadia do novo...
Ela é no caminho a incubadora das alegrias e das utopias...
Sem ela, o horizonte azul é só pintura bela; com ela, ele é encanto e magia... inspiração para novos passos; fermentação de novos caminhos...
Um convite para ser um além; um além da vida robotizada, da vida cinzenta, da vida de tédio e amarguras...
Com esperança, anulamos a paralisia forjada pelo comodismo que emerge do fatalismo nascido do nosso olhar que nega o que pode a vida, circunscrevendo-a nos limites racionais do que dado como possível...
A esperança e fonte e ponte para a luta pelo impossível...
É com ela e por ela, que tomaremos, um dia, o céu de assalto...
É com ela e por ela, que, um dia, daremos materialidade as utopias acalentadas pela ternura, solidariedade e compaixão que habitam os nossos corações...
Muitos se acovardam e apáticos, profetizam o fim...
Mas, calando-os, a esperança canta o amor e cuidado, a vida de ternura e solidariedade... a nova humanidade...
Assim, nela e dela, germinam as flores de uma nova primavera...
Podemos não escutá-la... e o nosso dia obedecerá os arbítrios da vida cinzenta...
Contudo, se a escutamos... florescemos... e com a vida imersa nas primaveris floradas do novo e da alegria, semearemos um novo tempo, a tempo da delicadeza... da inclusão e da vida de partilha... dando vida a vida das flores matinais...

4 comentários:

Layara Bichuette disse...

E Luinha.. sua sempre companhia! Como me alegro em saber que ela te faz tão bem e como fico feliz quando você inclui ela em seus textos. Quão bonita ela é..
Beijos meu tio amado!

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Lala; querida do meu coração, lhe amo com ternura e carinho, imensidão azul no rodopiar do tempo... abs do seu tio e da Luinha... Jorge

OceanoAzul.Sonhos disse...

Seus textos são como que um bálsamo para a alma...

um abraço
oa.s

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

OA.S: seu carinho é orvalho que anima e vitaliza, minha gratidão; abs ternos, jorge