terça-feira, 25 de outubro de 2011

DIÁRIO DE BORDO: O CANTO DAS MANHÃS

                                         Jorge Bichuetti

A vida amanheceu alegre; cheia de beleza... céu colorido, canto e voos... a magia da aurora no renovar das forças que nos levam adiante, revelando-nos na ternura das manhãs... u'a outra vida... a vida feita de poesia, tecida no olhar de quem vê para além do concreto armado, a relva... os pássaros, as flores... a festa da alegria na esperança de um novo alvorecer...
O dia-a-dia corre, veloz.... números, obrigações... a etiqueta e as convenções... o cálculo, o vazio...
Vivemos num mundo cinzento, dissimulado com as luzes de neón que cegam nossos olhos...
Vivemos num mundo robotizado, com a rotina plasmando-nos na insensibilidade emplumada de banalidades...
Viver mesmo... com o coração inundado de alegria, com a alma azulada pelo horizonte... é vida negada, não proibida... negada pelas capturas que nos tecem homens circulando no oco da existência; niilistas e apáticos, cheios de si... na ingenuidade de que ali mora a vida... enquanto a vida voa acolá...
A vida pulsa nas flores; canta com os pássaros e viceja nos brotos que verdejam as manhãs...
Viver é soprar as cinzas da aparência... e mergulhar na vida onde estrelas e vagalumes alumiam o porvir...
Vivemos e negociamos o direito de triunfar... pagando pelo triunfo o nosso quinhão de paz...
O dia acorda... os pássaros cantam, há cheiro de terra orvalhada, há um azul no horizonte, um convite no ar...
A vida clama e chama para com que possamos desbravar a ternura e nos encontrar na alegria de simplesmente viver... viver para se dar, procriar, inventar, brincar, sonhar...
A vida se oculta... e se revela...
Oculta-se dos que apressados não querem vê-la brilhante, esfuziante... cheia de ardor... epopeia da alegria, poesia da magia de ser um novo caminho onde florescem os lírios que embelezam os charcos e dão vida aos que almejam sobrevoar os abismos, indo além do que pode homem... sufocado pela ganância e pelo afã de estar num vão pedestal...
Ela se revela para os que na poesia da ternura perambulam amando a água, a terra, o fogo e o ar...
A vida se apega aos que vivem... livres das amarras da razão, do mercado e do desamor...
Há infinitas paixões pululando entre o sol e a lua, entre nuvens e estrelas... na relva singela, nas matas verdejantes... na coragem tresloucada de ser para amar...
Evitamos o amor... mas, ele é o coração da vida...
Ele é o coração da nova humanidade... Ele quebra as correntes... dá asas... nos ensina a voar...
O amor é cantado na seresta das manhãs...
Não o ouvimos... continuamos solitários...
Tememos o amor, pois ele é força da vida, da vida solidariedade...
Ele é o não... o não à guerra; o não à exclusão...
É a vida singela e terna... a vida passarinheira... que vive de alegrar-se e alegrar... que plenifica-se no ato de ser com o outro a paixão libertária de unir-se nos voos mágicos, na fecundidade do se dar...

3 comentários:

Tânia Marques disse...

Quero, desejo um dia amanhecer na tua vida. Beijos

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

No quintal... entre estrelas e o luar que diz até logo... e o orvalho e a aurora que aconchega o novo dia; abs ternos, jorge

Tânia Marques disse...

Abraços ternos, amigo de quintal aconchegante.