quinta-feira, 31 de março de 2011

BONS ENCONTROS: NA LIBERDADE, VISÕES E MIRAGENS...

SOBRE O POVO BRASILEIRO:
"Dificilmente você verá um povo mais sofrido _ que vive numa situação tão de miséria, tão de opressão _ do que o nosso. Existe, por exemplo, a Índia. Eu conheço a Índia. A situação é semelhante, mas, qual é a diferença? É que o povo brasileiro não está vencido. O povo de lá não tem nenhuma esperança; e ele está lá esmagado dentro daquela coisa religiosa, tremenda, o fanatismo, que é tudo voltado para a morte... e aqui o nosso povo? O nosso povo está voltado para a vida" JORGE AMADO 

 SOBRE O SOCIALISMO LIBERTÁRIO:
Quando o sr. diz que a sociedade só será justa quando aliar os princípios do socialismo às garantias de liberdades individuais, como isso é possível? "Não sei. É difícil pra burro. Eu não sei se os meus netos verão isto, talvez os seus netos vejam isto. É fatal. Porque a humanidade marcha pra diante. O socialismo é fatal. O socialismo não depende de você, nem de mim, nem de ninguém. O socialismo é a marcha inexorável da humanidade que marcha pra frente. Agora, para se chegar ao socialismo verdadeiro, que o indivíduo, a sua individualidade não chega a ser esmagada, dizendo-se que é em função do coletivo, na realidade, sendo em função dos donos do poder... aí, nós vamos andar muito caminho, não tenho a menor esperança de ver, e nem sei se os meus netos verão isso, compreende? Agora, temos que lutar por isso. Porque a nossa luta caminha para isso. Só a luta mesquinha, daqueles que querem o poder imediato, que lutam para se obter alguma coisa imediamente, que é vã. A luta real e verdadeira é aquela que se faz no desejo de se obter aquilo que um dia será realidade" JORGE AMADO 

SOBRE A DITADURA MILITAR:

 “Este é tempo de divisas, tempo de gente cortada... É tempo de meio silêncio, de boca gelada e murmúrio, palavra indireta, aviso na esquina.” CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
 SOBRE A VIDA: ENTREVISTA DE HELIO PELLEGRINO A CLARISSE LISPECTOR, CONSTA DO LIVRO " DE CORPO INTEIRO"
  Diga qual é a sua fórmula de vida. Eu queria imitar.
Há, no Diário íntimo de Kafka, um pequeno trecho ao qual gostaria de permanecer para sempre fiel, fazendo dele a minha fórmula de vida: "Há dois pecados humanos capitais dos quais todos os outros decorrem: a impaciência e a preguiça. Por causa de sua impaciência, foi o homem expulso do paraíso. Por causa de sua preguiça, não retornou a ele. Talvez não exista senão um pecado capital, a impaciência. Por causa da impaciência, foi o homem expulso, por causa dela não consegue voltar. Tenhamos paciência - uma longa, interminável paciência - e tudo nos será dado por acréscimo"

- Por que você escreve esporadicamente e não assume de uma vez por todas o seu papel de escritor e criador?
Poderia driblar essa pergunta, respondendo com uma meia-verdade - escrevo menos esporadicamente do que publico. Mas esta seria uma saída falsa, e não quero ser falso. Escrever e criar constituem, para mim, uma experiência radical de nascimento. A gente, no fundo, tem medo de nascer, pois nascer é saber-se vivo e - como tal - exposto à morte. Escrevo mais do devo para - quem sabe? - manter a ilusão de que tenho um tempo longo pela frente. A meu favor, posso dizer a você que, com freqüência, agarro-me pelas orelhas e me ponho ao trabalho. Há umas coisas valiosas nas quais acredito, com muita força. Preciso dizê-las e vou dize-las.

- Hélio, diga-me agora, qual é a coisa mais importante do mundo?
A coisa mais importante do mundo é a possibilidade de ser-com-o-outro, na calma e intensa mutalidade do amor. O Outro é o que importa, antes e acima de tudo. Por mediação dele. Na medida em que o recebo em sua graça, conquisto para a mim a graça de existir. É esta fonte da verdadeira generosidade e do entusiasmo - Deus comigo.
O amor genuíno ao Outro me leva à intuição do todo e me compele à luta pela justiça e pela transformação do mundo.

- Que é amor?
Amor é surpresa, susto esplêndido - descoberta do mundo. Amor é dom, demasia, presente. Dou-me ao Outro e, aberto à sua alteridade, por mediação dele, recebo dele o dom de mim, a graça de existir, por ter-me dado.


- Helio, você é analista e me conhece. Diga-me sem elogios - quem sou eu, já que você me disse quem é você...
Você, Clarice, é uma pessoa com uma dramática vocação de integridade e totalidade. Você busca, apaixonadamente, o seu self... e esta tarefa a consome e faz sofrer. Você procura casar, dentro de você, luz e sombra, dia e noite, sol e lua...



                 BORBOLETAS
                            MARIO QUINTANA

Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande.
As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela.
Temos que nos bastar… nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém.
As pessoas não se precisam, elas se completam… não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida.
Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você.
O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar
não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!
  

liberdade, liberdade... abre as asas sobre nós...

2 comentários:

Mila Pires disse...

Jorge, gosto muito deste texto!Legal vc compartilhar com os leitores...Bom navegar por aqui!
Abraços.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Mila, para mim, é uma alegria montar uma composição entre momentos, palavras e imagens, autores e criações e partilhar, multiplicando o conhecimento; mas também, me enriquecimento com o depois, vejo, pois, os encontros sempre produzem algo alem... Obrigado, pelo seu carinho. Abraços com ternura; Jorge