sábado, 5 de março de 2011

DIÁRIO DE BORDO: POR UMA NOVA SUAVIDADE...

                                                             Jorge Bichuetti

Noite. Depois, da chuva; agora, A lua brilha e algumas estrelas insurgentes bailam no infinito encantando a noite. acordei, decidi trabalhar at´´e o sono voltar...
Corpo cheio de dores. Dores da folia, tatuagens da rua. Na alma, uma alegria: saímos na chuva, e cantando e sambando, reivindicamos liberdade e justiça, inclusão e direito à diferença... Maria, Maria no país da Liberdade. Denunciamos as violências e discriminação sofridas pelas mulheres, e ousamos gritar que é da ternura e magia delas que nascerá um novo tempo, um tempo de paz, de suavidade, de doçura e amor.Serão elas as flores e as estrelas que perfumarão o outro mundo possível com a poesia da vida, vida alegre e de diversidade, de partilha e comunhão.
O Bloco Maria Boneca, abriu, oficialmente o Carnaval de Uberaba...
E dia doze, próxima, estarei falando das mulheres e as lutas sociais num evento que se realizará no complexo Coração de Maria, creche-escola-cultura, num evento promovido pela Central dos Movimentos Populares...
Recordo, estive ali muitas vezes. Já partilhamos grandes sonhos e luta.
Hoje, recordo Franca e Amália, missionárias do devir, era jovem... e ali, já estava, quanto era , tão-somente, uma ocupação: barracos de lata e plástico, nossa gente, gente humilde, lutadora, num acampamento lutando pelo direito à moradia.
A luta me pariu...
Entre tantas alegrias, uma lágrima... Morreu Dona Lucília Rosa,, a Rosa Vermelha, a primeira mulher a ocupar um lugar na vereãncia. Amiga íntima de Preste, velha e valente comunista. 98 anos dedicados à utopia de um mundo sem explorados e sem exploradores. Materialista até os noventa anos, dizia, então: " eu não acredito em Deus, mas alguns amigos acreditam e eu acredito neles". Uma guerreira; uma estrela encantado no céu...
                                                     ***
Numa faixa do nosso Carnaval, lia-se: por uma nova suavidade...
Chegando na minha casa, de longe, Tânia Marques um pensamento de  me lê um pensamento de  Lya Luft, escritora e poetiza, professora e mulher:
"A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranqüilidade, querer com mais doçura." 
Suavidade e doçura... Espaços da ternura. Forças ativas que urgentemente necessitam dar uma nova direção às nossas vidas individuais e coletivas.
A dureza e a aridez da vida no capitalismo, de acumulação e exploração, de mais-valia e alienação, nos tornou homens sérios, cruéis, duros e insensíveis.., somos brutos. e o mundo se encontra brutalizado...
Violência, guerra, competição desleal, direitos violados, exclusão e uma multidão de estigmas,
Não há espaços para a ternura...
Autoritarismo, vigilância paranóica, verticalidade, ausência de diálogo, escura, carícia e carinhos.
Necessitamos ver, sentir, intervir no mundo com doçura.
Precisamos cultivar as flores e os frutos de uma nova suavidade que humanize os espaços da cidade e as relações interpessoais.
Urge dinamizar nossa potência amorosa e que ela seja, no caminho, solidariedade e partilha e,nos cantinhos dos nossos encontros, carícia e carinho.
Um olhar sereno e acolhedor...
Um cuidado amoroso e alegre...
Uma educação de diálogo e escuta, doçura e criatividade...
Um amor de sensualidade e suavidade...
Um trabalho de candura e afabilidade...
Uma política de lealdade e ética...
Um coletivo e todos os encontros de amizade e carinho...
Por uma nova suavidade... Eis o clamor a vida que se deseja vida de paz e justiça, de potências criativas e de felicidade.
Uma flor na janela...
Uma serenata na noite e uma roda-de-samba no entardecer...
No amanhecer, a esperança... a utopia que se faz louvor numa singela oração.
Mudemos. Reinventemos com firmeza e ternura; ressuscitando no caminho o que pode o amor...



2 comentários:

santuza disse...

Jorge como eu gostaria de ter desfilado com vo ces, mas eu sequer sa bia, oque voce queria e para mim tão bom seria usar mais tempo minha fantasia e ostentar minha loucura que hoje ja me parece sadia.não sabia cantar sua música .e quando te pedia a letra e voce não me dava sentí-me escluida ainda não fazendo parte dos seus. nem sentia como o prefeito se voce me conhecia sob amascara que a vida me obrigou a colocar e colada ao meu rosto ja é um tanto dificil de arrancar e como eu gostaria de na rua ter podido dansar.santuzza

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Santuzza, este ano foi tudo de improviso; quando postei a música no blog, só aí que ela ficou pronta. Não houve ensaios. tudo se atropelou pela correria e problemas da clínica.
Você estava linda, o que pesou foi a chuva...
Nunca se sinta excluída, você está e estará sempre no meu coração,
Abraços, Jorge