segunda-feira, 7 de março de 2011

SOCIEDADE DE AMIGOS: ENTRE AMIGOS...

                                                VOCÊ SABE...
                                                       Jorge Antõnio Bichuetti Neto

Você sabe de onde eu venho?
Venho duma cidade que tenho.
Aqui... no meu coração.
Junto... do rio Grande.
Nas margens do Rio Uberaba...
Pois! É de lá que venho.

Você sabe de onde eu venho?
Venho dos caminhos paternais;
dos afetos fraternais
e os abrigos dos amigos,
dos sorrisos de alguém...

De onde eu venho, amigo?
Venho das saudades queridas;
das lembranças amigas,
do ninho em que deixei
alguém a chorar...
Pois! é de lá que venho.


                          DOCE CRIATURA
                                                Lincoln Almeida

Disseram que rosa,
linda,
jovem,
mãe,
escrevia e pintava bem.
Fui conferir...

Pura verdade!
Ela realmente conseguia esconder
com grande sensibilidade e maestria
toda a sua dor,
em pura e cristalina poesia...

Pobre Rosa,
não aguentou esconder mais.
quando a mãe subitamente morreu de morte morrida,
desolada,
não demorou muito,
morre ela também
de doença ruim da cabeça.


                           MARIA DO MORRO
                                                         Lincoln Almeida

Maria das dores,
de todas as dores.
Feita de amor,
plena paixão,
compaixão.
Maria de todas as coisas.

Maria lembra mar e
mar é imensa barriga.
Barriga de Maria,
barriga santa;
ventre bendito...

Sempre farta de perdão
embala seus filhinhos errantes
ainda que lobos sedentos,
ladrões,
traficantes,
violentos...

Maria é mãe do morro!
atravessa noites aflita
orando para que a aurora lhe devolva
ilesos os seus rebentos.

Ah! santa preta do Brasil!
mãe de todos nós:
os negros,
brancos,
mulatos,
confusos
e lazarentos...

Desamparados de todo canto
rumam a tua morada:
pés rachados, sangrando,
carregando nos ombros
a existência,
o asfalto quente,
a Via Dutra.
Via Ápia que conduz a ti
rainha Aparecida
de abraço terno
e colo quente...

Mãe dos famintos és rosa,
Madalena,
Conceição,
Auxiliadora
da Paz;
Imaculada:
plural incontável de Marias...

Sempre virgem e pura,
nunca mulher de verdade.
Pra si mesma muito pouco:
não liga pra sexo,
feita pra se dar,
esperar,
chorar;
rezar em vigília e
morrer de saudade
de seus machinhos travessos,
eternas crianças sedentas...

Vai!
chora a tua eterna dor de santa...
Chora a cântaros:
ó colosso onipotente!
Chora mulher,
chora Maria.

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