domingo, 8 de maio de 2011

SOCIEDADE DE AMIGOS: A PELE, O TEMPO E AS CANTIGAS DO VENTO

                             ESTAÇAO TEMPO
                                                   Paulo Cecílio

 Madeira de banco vazio estranho
ombros vergados olhos claros cobertos
pele branca avança sobre o verde
chuva menina ja nao brinca : cega,
queima costas trava pernas faz suar.
netos virtuais chegam de manso,
assustam relogios ponteiros malucos
mãos frias pes de galinha rapidos
tendoes que enganam,
sorrisos que partem a memoria
que partem a gente
que simplesmente partem...
que ficam de costas na estacao ferrugem
com álamos rachados,
feridas esquecidas salgadas ao tempo
amores irreais, sonhos...
Onde esta o bilhete, que plataforma é essa?
bussola displicente sem direçao
cavalos superados arreios cheirando a mofo
terra velha suores respiracao contida.
o tempo surgiu do nada, partiu de novo ...
mas como alimentar os passaros com migalhas
se partiram os ossos enrugados
das maos que giram polvilho ao vento ?
fico por aqui. pode ser aqui nesta estacao onde.
Tenho irmaos?nome? Brotei?
nem sei sentido norte sem direcao,vento forte,
malas de pluma, tempo,
como correr atras do que se foi ?
do que escorreu pelas frestas das janelas
entalhadas em madeira crua?
Como levitar locomotivas
que partem ao nada, apitam enviesadas,
movem-se pesadas em rodas de aco,
rangem ao vento dos que ficam
ao canto do tempo,
rufam tambores in memorian em esquecimento ...
ja nao gozo esperma
nem tenho nos passos o vento.
o tempo se extingue : haverão outros tempos?
Jabuticabas, pontes em arco, ferro gusa na brasa :
acolhei-me flor de inverno,
acolhei-me nos teus bracos,
leva-me vento brisa da tarde nos trilhos etereos
destes pontilhoes que gardam segredos imemoriais,
que sustentaram o peso, o tempo, dos passantes,
dos navegantes, dos aflitos, dos amantes,
suas dores, saudades,esperancas diluidas.
mas com pode partir assim,
sem susto, sem aviso, sem ruido,
tamanha locomotiva?
numa tarde qualquer,
dancam as borboletas migratorias trazendo a loucura,
a velhice, o entendimento, o acordo, a paz com o tempo...


                                   SAUDADE 
                                                  Anne  M Moor

Saudades
Saudade em uma noite
chuvosa e quente
traz uma certa
nostalgia do que foi,
do que poderia ter sido
e do que é
em momentos especiais!


                                   CAIXINHA DE MÚSICA
                                                                 Lilian Naves

Venha bailarina
baila em tua,
baila em minha
pobre vida

venha toda linda
trazer graça
e fantasia
pra essa nossa grande sina

traga mais encanto,
mais rencanto
mais alento
enfraquece este tormento
faz carinho no coração

baila bailarina
por estes cantos da avenida
pelos bairros mal-olhados
pelos becos solitários
das almas descuidadas de amor.


2 comentários:

Tânia Marques disse...

Belíssimos versos amigos! Amei-os desde Porto Alegre. Beijos Anne e Lilian.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

TÃNIA, NOSSA TRIBO ANDA POETIZANDO A VIDA; E ASSIM OS CAMINHOS SE FAZEM MAIS LIVRES, NÃO? aBRAÇOS COM TERNURA, jORGE