quinta-feira, 21 de julho de 2011

DIÁRIO DE BORDO: PARA A VIDA VERDEJAR...

                                       Jorge Bichuetti

Madrugada. Já não sinto o frio da noite... As estrelas e o luar me aquecem... Enquanto dormimos, elas velam... e velam entranhadas nos nossos sonhos. Assim, acordamos com novos sonhos: sede de imensidão. Voos; mudanças... Uma nova fecundação. Sonhamos com a Terra fecundada pela irreversibilidade do amor germinal. Medito... e cheio de esperança vou escutar as vozes do meu quintal.
Um leve vento cria nas folhas verdes um bailado sereno... Me lembram Tchaikovsky. Os álamos me olham e me contam histórias da noite: o silêncio e a serenidade os encantam e os animam com a sublime certeza de que o sol nascerá... Os pássaros ainda não chegaram: os escuto na memória do amor que perpetua a presença no carinho eternizado pela comunhão: nós gostamos de voar. Os pássaros levam sementes de flores para o azul do infinito: nascem na imensidão  uma multidão de estrelas... E trazem para o seio da terra, germes estelares: eis a primavera que sempre se renova na ânsia de ver os caminhos floridos. Delírios?... Sonhos?... Não creio. A vida é magia, alquimia... tramas e dramas tecidos para que a vida possa verdejar.
Acaricio minha pequena Luínha... e sob a pressão do amor que ela necessita, me pergunto: temos sabido na vida verdejar?
Muitas vezes, me sinto capturado: vida que produz fumaça, o turvo, o tíbio, o néscio...
O verde subjetiva no coração da vida e em cada vivente o cio da esperança e o céu da serenidade.
O verde subjetiva na humanidade a natureza olvidada.
O verde subjetiva no ser humano o desejo de ser... vida pela vida.
É preciso verdejar...
Verdejar, cuidando do verde que nasce e procria, multiplica... e só fenece quando a crueldade do machado e da queimado, o exila e o impede de cumprir sua função de ser na vida  um celeiro de esperança e a esperança de um celeiro.
Verdejar, fecundando o outro... com as sementes da terra e os germes da imensidão: dar brilho, viço, força natural... Fecundar no olhar de ternura e carinho o coração do outro para que outro, pródigo de esperança, possa florir e tecer no próprio caminho um brilho estelar.
Há demasiada quantidade de cinzes e cinza no ar...
Por isso, a esperança anda asfixiada, periclitante, agonizante...
E com ela fragilizada, a vida caminha entristecida, nostálgica, melancólica...
Precisamos verdejar; precisamos desacinzentar a vida e os nossos corações.
Verdejar é alegrar e alegrar-se; fecundar e fecundar-se; sonhar... sonhos da aurora matinal que renova o tempo para que possamos alterar caminhos e destinos, criando um novo tempo e uma nova vida para a humanidade.
Recordemos Fernando pessoa, que dizia, algo, quase assim: se a erva daninha teimar em crescer sobre o meu sepulcro; e você sentir a sua teimosa mania de tudo interpretar, diga apenas: que eu continuo a ser natural e a verdejar...


2 comentários:

SOL da Esteva disse...

Jorge Bichuetti

O teu texto é uma Ode ao Amor.
Na verdade,
"(...)precisamos desacinzentar a vida e os nossos corações.
Verdejar é alegrar e alegrar-se; fecundar e fecundar-se; sonhar...(...)".
Que mais resta dizer?

Abraços

SOL da Esteva

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

SOl: seu carinho é vida e bom ânimo; nos leva a ir adiante, sonhando.Obrigado pelo carinho; jorge