PROSAICA NUDEZ
Jorge Bichuetti
Numa palavra me desnudo:
coração aberto, pele ao vento...
Nunca turvo minha vida:
intimidade partilhada nas curvas da estrada,
nos redemoinhos intempestivos do tempo...
Não guardo segredos no baú:
canto meus sonhos nas serestas matinais,
verso minhas lágrimas na magia do poente...
Um dia, minha história estará rabiscada:
nos muros grafitados pelas mãos da insânia
que no mundo se dobra e desdobra, entre
uma vã curisidade e o proserear prosaico
dos que de si não sabem, mas sabem no tudo um mais...
VIÇO E VIGOR
Jorge Bichuetti
Caço uma palavra
entre livros e jornais,
percorro a tagarelice erudita,
pesquiso nos tablóides populares...
Não encontro... quero uma nova palavra....
Um palavra com viço... feita de cetim e relva;
tecida e guardada nos alforges dos andarilhos...
Quero... quero uma nova palavra:
uma única e vigorosa palavra,
que diga na ternura de um canto
a grandeza banal dos meus passos na estrada...
AUTORETRATO
Jorge Bichuetti
Na fumaça do cigarro, rodopio
no ar, tecendo caminhos e sonhos,
entre a última lágrima secada
e a primeira gota de u'a nova aurora...
No voo da tequila, pouso
no chão, escrevendo sinais cabalísticos,
magia que resiste e segue adiante, longe,
desespero da vida vegetativa, entre o
sol que anuncia um novo dia e o
horizonte que alucina, no porvir,
um tempo de flores e passarinhos,
num mundo de radical ternura
que calará os monstros e dará voz aos pios,
vadios e clementes, dos singelos pardais...
sábado, 10 de setembro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário