ENTRE PALAVRAS
Jorge Bichuetti
Muitos palavras turvam a palavra;
aquela palavra... tecida com os fios
da teia da nossa história. Ela, só ela,
diz ao raciocínio soberbo dos incautos
o que sente a vida no pleonasmo do amor...
Éramos tantos numa palavra;
éramos o infinito na nudez da gota de orvalho
que escorria entre palavras,
nada dizendo, somente escutando,
a palavra que selava num carinho
a ternura... a paixão e o cio;
onde florescia a eternidade
na semente de um tresloucado orgasmo...
Mas, havia uma palavra... escrita
na pele dos amantes,
no êxtase dos santos,
na inocência do pecado...
Entre o ruflar do vento nas folhas do tempo,
nada falavamos... era só os nossos corpos
que na magia alegre da comunhão, dizia
entre risos e lágrimas: somos a alvorada do
amor singelo e voraz, somos um para sempre
na alergia do adeus: palavra sepultada...
OUTRA ROSA
Jorge Bichuetti
No meio do mato crescido no jardim,
uma rosa brilha... na poesia
da vida que se segue: nós, envelhecidos,
já mal trilhamos as veredas íngremes
da árdua lida,
nem cantamos
sob os fluxos do luar...
Só a rosa testemunha nossa lento vagar...
A vida desfiada
nas quimeras do caminho;
os sonhos triturados
na miséria do destino...
Mas, vamos... a rosa e nós,
que eternizados na ternura,
embora, cansados,
seguimos adiante
de mãos dadas...
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
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2 comentários:
Bebe-se, sente-se e vive-se a sua poesia como algo que entra na alma e nos deixa, assim, absortos, degustando cada palavra.
um abraço
oa.s
OA.S: MEU CARINHOSO AGRADECIMENTO PELA GENEROSIDADE DA SUA PALAVRA-VIDA-REVITALIZAÇÃO... ABS TERNOS, JORGE
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