PEREGRINO
Jorge Bichuetti
No caminho, eu peregrino
nas andanças sem rumo dos incautos;
na piedosa vigília dos eremitas...
Eu caminho...
Vago por colinas e vales,
entre bosques e riachos,
não sabendo se o meu destino incerto,
é procura ou fuga,
errância penitente
ou passos dementes
no desvão da minha infinita liberdade...
Eu caminho...
Escuto as vozes peregrinas;
mas, o silêncio canta mais alto...
Dentro de mim, o eco do passado
rumina lembranças nas entranhas do nada;
porém, as estrelas e o luar
versam cantigas encantadas,
me fazem dormir... sonhando acordado.
Eu caminho... Nada sei, me desconheço...
Talvez, caminhar seja tão-somente
o reverso da morte,
o avesso da vida,
o vício dos insólitos risos,
a explosão de uma lágrima...
MEUS PASSOS
Jorge Bichuetti
Meus pés teimam e me levam...
No cansaço da estrado, tento parar,
mas eles querem seguir,
incansáveis, teimosos, resistentes...
Meus pés caminham alheios
aos clamores do meu coração cansado,
nem mesmo escutam meus pulmões trôpegos...
Eles, déspotas inclementes, querem caminhar...
E nem mesmo eu consigo parar os meus passos;
sigo... com pés calosos e suados,
não impondo meu direito
de voar... longe do pó da estrada,
não fazendo valer a força e a magia
das minhas ternas e emplumadas asas...
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
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2 comentários:
Dois poemas da mesma fonte. Dois poemas destes que nos dizem : hoje, não se esqueça de voar... mas o curioso, é que meu amigo, navegando os ares como um planador, deixa a impressão de que não consegue desfrutar suas asas, porque ainda tem nos pés cansados a dor do mundo. Voa, Jorge,cumpra seu destino GAIVOTA !!!
Paulo
Paulo: voarei... superarei os pés encharcados e voarei... meu carinho, abs ternos, jorge
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