quinta-feira, 3 de março de 2011

BONS ENCONTROS: SOBRE A MUDANÇA

                                             REFLEXÕES:
        
- “Nada é permanente, exceto a mudança.” HERÁCLITO
- “Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento.” ÉRICO VERÍSSIMO
- “Você tem que ser o espelho da mudança que está propondo. Se eu quero mudar o mundo, tenho que começar por mim.” GANDHI
- “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” FERNANDO PESSOA
- "Seja a mudança que você quer ver no mundo." DALAI LAMA
- “Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova.” GANDHI
- “Tudo quanto vive, vive porque muda; muda porque passa; e, porque passa, morre. Tudo quanto vive perpetuamente se torna outra coisa, constantemente se nega, se furta à vida” FERNANDO PESSOA
- “Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios.” MARTIN LUTHER KING
- “Nem tudo que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado até que seja enfrentado.” EINSTEIN
- "Desaprender para aprender. Deletar para escrever em cima.
Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar" MARTA MEDEIROS
- “Quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda.” FREUD
- “A mudança vem como um pequeno vento que agita as cortinas no amanhecer e vem como o discreto perfume das flores selvagens escondidas na grama.” STEINBEK

                                    POESIAS:
  
              Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades
                                                                                    CAMÕES 

 Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía. 







                       Não Me Sinto Mudar
                                                   PABLO NERUDA 

 Não me sinto mudar. Ontem eu era o mesmo.
O tempo passa lento sobre os meus entusiasmos
cada dia mais raros são os meus cepticismos,
nunca fui vítima sequer de um pequeno orgasmo

mental que derrubasse a canção dos meus dias
que rompesse as minhas dúvidas que apagasse o meu nome.
Não mudei. É um pouco mais de melancolia,
um pouco de tédio que me deram os homens.

Não mudei. Não mudo. O meu pai está muito velho.

As roseiras florescem, as mulheres partem
cada dia há mais meninas para cada conselho
para cada cansaço para cada bondade.

Por isso continuo o mesmo. Nas sepulturas antigas
os vermes raivosos desfazem a dor,
todos os homens pedem de mais para amanhã
eu não peço nada nem um pouco de mundo.

Mas num dia amargo, num dia distante
sentirei a raiva de não estender as mãos
de não erguer as asas da renovação.

Será talvez um pouco mais de melancolia
mas na certeza da crise tardia
farei uma primavera para o meu coração.





                    Revolução

                             AMAURI FERREIRA

Reinventar-se para não ser prisioneiro do poder; desejar a vida revolucionária e não a revolução que se confunde com a posse do poder. Percebemos que a vida revolucionária não passa através dos gestos pitorescos e discursos supostamente “imoralistas”. O revolucionário não vive em função do aplauso, não quer confetes ou holofotes. A reinvenção contínua de si é a sua arma silenciosa que pode alterar a percepção de uma sociedade sobre a noção de revolução: compreende-se a revolução quando se vive de modo revolucionário e não quando se faz um projeto para que ela ocorra. Uma sociedade conduzida por uma contínua reinvenção promovida por esses seres que não cessam de reinventar-se, que são usinas de idéias, que transbordam afetos de amor ao mundo, se torna profundamente artística – e por isso pode festejar seu crescimento em força, em autonomia, em alegria. É o contrário de uma sociedade constituída pelo medo da reinvenção – atualmente, muitos dos seus artistas, por exemplo, são apenas sombras dessa revolução. Basta observá-los com cuidado para constatarmos que a “revolução” que eles dizem não consegue escapar do império da representação, de uma imagem que fazem do caos. Portanto, ora a liberdade aparece confundida com a transgressão das leis, ora aparece confundida com a exigência do reconhecimento pelo Estado dos direitos dos que são “diferentes” do padrão social – eles ainda falam excessivamente de uma perspectiva da existência limitada à noção de humano (o caos humanizado é um desses sintomas). Mas se o revolucionário não leva a sério os direitos humanos é porque ele já cria os seus próprios direitos. Esses direitos criados não são, de nenhum modo, humanos – eles são direitos da vida que escapa das tentativas humanas de repressão. E aquilo que escapa não é problema dele, é problema da sociedade; agora, ela vai ter que se mexer: ou seus indivíduos se reinventam para evoluírem, ou então, resta tentar reprimir, inutilmente, as palavras, os pensamentos, os gestos, isto é, os signos que expressam uma potência inesgotável de reinvenção do mundo – o revolucionário se alia a isto e não a um entediante ideal de revolução... O ideal assassina a reinvenção... Reinvenção de si mesmo: por viver em função disto, o revolucionário se mantém jovem, curioso como criança. Luta com tudo que pode para não perder a inocência que o leva a poetar. Sua poesia é vivida e não uma verborragia ou jogo de palavras.
 

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