sexta-feira, 11 de março de 2011

DIÁRIO DE BORDO: O PÃO NOSSO DE CADA DIA...

                                                             Jorge Bichuetti

Dia claro. O sol nasceu e com ele voltaram os passarinhos... Aliás, ontem pela tarde, já haviam alguns. Tímidos, chegando com a mansidão do sereno noturno, agasalharam-se num canto e se aquietaram, ali...
A Lua anda cheia de dengos e muito carinhosa. Segue meus passos com a alegria de quem vive as minhas aventuras e desventuras...
Talvez, saiba, ela tão pequenininha, que a maior dor é o não viver...
Com frequência decretamos, ou decretam por nós, a nossa morte civil.
Desistir de viver e persistir como um mero observador é destruir-se, pouco a pouco.
Viver é se aventurar entre acertos e desacertos, encantos e desencantos, encontros e desencontros...
A pressão interna da onipotência nos retira a maior riqueza do existir: experimentar, sonhar, tentar, caminhar,sonhar e borboletear...
De fora, nos chegam comandos que fortalecem a covardia e a preguiça, os medos e a acomodação.
No chão, aprendemos no impacto da queda a usar nossa capacidade de voar...
No céu, nos devaneios  utópicos, olhando para o chão, aprendemos a semear, cultivar e lutar...
Nada é definitivo...
A lágrima de hoje caie aduba o solo, germinando uma nova primavera...
Os risos do agora nos sustentam para os dias difíceis, quando pesa o peso da cruz das nossas lutas...
Não existe alegria que dure impertubável para sempre; como, igualmente, não existe tristeza que não passe.
Viver é um laboratório de experimentações onde desbravamos no próprio coração novos horizontes.
Contudo, nem toda experimentação nos leva para o caminho dos nossos sonhos.
Muitas vezes, rodopiamos com experiências que nos coloca no limite entre a estrada e o abismo; e quanto olhamos, notamos que era um perigo inútil, pois, estávamos vivendo algo que nada dizia ao nosso coração.
Assim, para não correr riscos inúteis... necessitamos de unir ousadia e prudência; e definir qual é o pão nosso de que cada dia...
Sabemos: o que desejamos da vida? quais são nossos sonhos verdadeiros? o que buscamos?...
A vida se torna seletiva para os que auscultam seus desejos e sonhos e descobrem qual é o tesouro mágico que lhe da  felicidade e paz.
Deste modo, sabemos que experiências e caminhos nos interessam e que destino queremos construir...
O mundo nos vende uma ilusão: dinheiro, beleza, sucesso e poder...
Escutando o mundo, um dia, acordamos e nos descobrimos numa vida que não é nossa... e nos vemos longe do pão nosso que alimenta nosso coração nos seus desejos e sonhos.
Evitemos tal desatino: escutemos nosso coração e caminhemos na direção de onde mora nossa paz e nossa felicidade...
                                               ***
A onda de luta pela liberdade chegou na Arábia Saudida... A Líbia resiste, porém, o povo não recua... Ousam, sonhar com uma nova vida.
Dalai Lama abandona o posto de diregente  político do Tibet... E o mundo lamenta. Persiste lá a opressão e a falta de auto-determinação de um povo singular e de suavidade...
O Brasil não percebeu que precisa proteger suas matas e suas riquezas naturais: o código florestal caminha com o povo alheio, não dizendo que somos... " o verde que nos queremos verde"...
É preciso sonhar...
É preciso lutar...
                                               ***
A Lua incansável vigia a nosso amigo jardineiro... Para ela, parece que ele anda roubando o seu verde. Irei lhe explicar... Que a terra não floresce se não a mantemos livre das ervas daninhas e adubada, cheia de nutrientes...
Assim, é a nosa vida... Ela floresce ou fenece... Dependendo, do cuidado que lhe damos.
Adubemos nossos sonhos...
Livremo-nos da ervas daninhas da desilusão, do desânimo e da apatia...
Entreguemos nossos corpos para a vida e seus alvoreceres...
Pintemos nosso corpo, nosos sonhos e o nosso coração com as cores da aurora...

2 comentários:

Tânia Marques disse...

Jorge, até as ervas daninhas tem uma função no ecossistema, temos de cuidá-las também para não excluí-las maniqueisticamente. Beijos

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia, de acordo, me contaminei com o jardineiro que estava dandouma geral no quintal; onde o mato estava sufocando tudo...
Abraços com carinho, jorge