Jorge Bichuetti
Cresce todo dia o número dos que vivenciam as dores do pânico.
O pânico se caracteriza por crises paroxísiticas de angústia, ansiedade, com sensação de morte iminente, perigo de desmaiar ou enlouquecer; se acompanha de falta de ar, opressão torácica e sudorese. Além de fobia, dores, tristeza, desânimo, irritabilidade, insônia e apatia.
Os psicanalistas vêem uma reedição do terror e do medo da castração; assim, seria um medo de ser punido pelos desejos pecaminosos do incesto.
Sabendo que somos uma subjetividade, singular e de multiplicidade, e que o inconsciente não se reduz ao complexo de édipo, devemos perguntar o que vulnerabiliza o homem e o torna tão restrito e frágil, capturável pelos fantasmas da reprodução e antiprodução; e não uma existência de afirmação da potência, da alegria e da própria vida... Eis nossa questão.
A passagem para a idade moderna e a construção do modo de produção capitalista se deu com um urbanismo que segregou a família e isolou a homem de uma vida comunitária.
Também, foram criadas instituições 9 equipamentos ) para acontecimentos que antes se davam no dia-a-dia das famílias e das comunidades.
O adoecer e o morrer se dão no hospital; a educação, na escola; as punições, nas instituições totais-asilares...
Um processo de segregação e isolamento...
Com a intensificação da produção e do modo de viver neoliberal, o mundo se globaliza, porém, com a quebra dos vínculos... O homem se isola e passa a não ter tempo nem necessidade do outro: tudo se lhe apresenta no corre-corre do dia e na praticidade de uma vida que se totaliza entre quatro paredes: Internet, celular, disks tudo...
A solidão impera...
Antes, sofríamos com os amigos; sonhamos com os amigos: éramos grupalidades vivas e vitalizadas.
hoje, ninguém tem tempo... se o temos, somos capturados pelo mundo que invadiu a nossa intimidade e se expõe ali disponível...
Este é um inegável processo de vulnerabilidade que domina o homem no socius da vida atual: somos solitários e dispomos de redes sociais frágeis para os momentos cruciais da vida, os momentos de dor dilacerante, de medos e terrores, de agonia e morte.
Outro ponto de inegável valor na nossa fragilidade é a carência de projetos e sonhos coletivos...
O capitalismo e a pós-modernidade mataram Deus, a história, o sujeito e as utopias... Nos fragmentaram e diluíram o socius, futilizando os grupos e as tribos; assim, passamos a viver o cotidiano imersos num pessimismo e niilismo que nos tornam presas indefesas...
Assim, o pânico é um emergente de um mundo violento e desigual, de medos concretos e imaginarios, e de uma profunda solidão.
O vazio existencial resultante das mudanças que nos inibem o sonhar e o agrupar-se nos tormam homens que já não conseguem ver, senão, a fatalidade da morte e os próprios complexos internos.
Se desejamos mudar este quadro, temos que semear de novo a esperança, a solidariedade, as trocas generosas e a amizade... temos que re-fabricar nossa capacidade de sonhar.
O pânico - morte antecipada e temida na crise, só cederá com uma vida potente cujo horizonte consiga nos fazer homens com vínculos de amizade e solidariedade e homens que o dia de hoje é um passo, com sentido e vivacidade, diante do porvir que se sonha e se busca na luta e na caminhada.
Só a vida que arte e a arte que é vida vence a morte...
segunda-feira, 7 de março de 2011
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6 comentários:
Bárbaro! Tudo o que tu escreves e leio se torna um ensinamento para mim e para quem te lê. Jorge, são os agenciamentos que fizemos ao nos identificarmos com os temas que abordas. Creio que devamos seguir em frente, cada um plantando a liberdade, a autogestão, o amor, a descoberta de subjetividades, etc. em solos diferentes. Um dia, quem sabe, toda a Terra estará semeada para o bem da humanidade. Beijos, querido!
Tãnia querida, te escrevi um email agora... com uma proposta... Veja e me diga, se não chegar, por favor, me avise... ando apanhando da máquina.
Muita coisa não consigo.
Agora, vamos nos sntonizando e ouvindo Zeca, Engenheiros, Nelson ... e tentando Tãnia deixar alguma contribuição...
Estou sem notícias do Massa Crítica, como estão?
espero que resistentes e insurgentes...
Abraços com carinho, Jorge
amo a vida! amo a arte! amo a vida com arte! ela está aí para ser vivida plena e intensamente a cada segundo sem angústias e medos ...
Paulo, feliz és tu que escolheste avida e a libedade. o amor e a ate, arte-manhas do viver...
Sua presença é linda, é o luar num serena noite de amor...
Continue sendo esta pessoa bela e verdadeira, cheia de vida e de encantamentos.
abraços ternos e carinhosos, Joerge
DR JORGE,
As nossas leis são muito fraquinhas.
Os que ali estão na Câmara no Senado deveriam ser mais severos com a criminalidade de um modo geral.É triste não cuidar do cidadão comum que chega a ser vítima de um psicopata que saiu da cadeia para o Natal, Páscoa,dia das Mães.Assim como os pedófilos.
Pena de morte ou Prisão Perpétua.
Bjo,Denise
Denise, penso que uma sociedade de paz e arte, solidariedade e justiça social levariam todos a se plenificarem no bem; tornando o mal obsoleto...
abraços com ternura, jorge
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