domingo, 6 de março de 2011

POESIA: ASAS DA INSURGÊNCIA

                                 O OUTRO SOU EU...
                                                             Jorge Bichuetti

Tua fome me corrói o estômago,
tuas lágrimas me alucinam
de desespero, dor e agonia;
sinto tuas feridas e tua insônia,
teu rosto marcado pela chibata,
tua alma doída de tanta desatenção...

Alguém fica com o que é nosso...
Se a vida é de Deus e Deus é de todos,
por que meu irmão,
me sobra tão pouco?...

Alguém ri o meu riso e eu choro
um pranto que é meu, mas, é de todos...

Oro, espero, e nda me acontece;
estarei eu, meu Deus, perdido
ou é este mundo que perdeu a sensatez?...

Eu hei de ver o sol renascer,
a vida brilhar e meu povo cantar...
Depois, da liberdae, tudo pode... eu posso até morrer...


                                        MINHA DESVALIA É A TUA MAIS-VALIA...
                                                                                           Jorge Bichuetti

Entre capitais, gigantes,
mora meu Rei...
Ele está no trono,
entre jurose dividendos;
feliz, ceia um prato francês...
escuta ópera, adormecido,
há muito perdeu suas emoções.
Ali, entre tantos, na multidão,
caminho nas capitais,
suando meu sangue,
sangrando minha alma...
ali, entre tantos, nas capitais,
sonho com meu pedaço de chão,
já perdido, mas não esquecido,
sonho, e acordo, com meus deveres
de viver sem meus sonhos,
pois, nas vilas e nas capitais
existe um dono, um rei: o Capital...


                              CONTRADIÇÃO
                                                         Jorge Bichuetti

Ja toquei cavaquinho,
adormeci com o sol;
vivendo de festa e alegria
numa vida de ilusão...

Quis a realidade
e me acordei na labuta
com febre, dor e alergia
de desvendar o mistério
da cruel acumulação.
a riqueza do dia dos nobres
é a a escuridão e a morte
de todos nós os homens.
mas, nós os homens pobres....


                           SE ESTA RUA VISSE...
                                                            Jorge Bichuetti

este menino adormecido
na sarjeta,
sonha com pão e salame,
balas, bombons,
um sorvete
ou uma brincadeira
da criança
que ele nunca pode ser;
já que a vida
lhe impõs
este duro soferer
ou , simplesmente, morrer...


                                     NOSSA MORTE
                                                                 Jorge Bichuetti

Não falarei de amor,
não cantarei minhas flores,
nem, da Lua, algo direi;
choro e lamento triste,
meu povo cheio de dores,
esta vida de solidão...
para que mundo cresça,
morre-se, aqui e acolá,
uns e outros, todos,
abortados pela exploração...


                                                   MINHA ESMOLA, MEU SENHOR!...
                                                                                      Jorge Bichuetti

Um vintém... um amém...
Na esmola, eu conquisto
o que os donos do mundo
pegam da vida,
como se a vida
fosse sua serva
dada à prostituição...

O que se acumula aqui,
foi expripriado no ali....
assi, se gira o mundo,
longe da revolução...


                                                   O PÃO NOSSO
                                                                            Jorge Bichuetti

Pão Nosso,
multiplicai-vos,
não fiques ali no cesto
dos que só queeem vender...

Livrai-nos
da fome e da dor,
dai-nos, no caminho,
um amor e u'a flor...

perdoai-nos
a timidez e a covardia;
umdia, vamos lutar
com a ousadia de quem
sabe, na vida, sonhar...


                                     ROSA
                                               Jorge Bichuetti

Uma rosa vermelha
muda o caminho;
emerge iluminada
e exige na força da cor
um espaço para o amor...


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