Jorge Bichuetti
Há um corpo na avenida, machucado e só...
Há uma lágrima na mãe desempregada que consegue alimentar seus filhos...
Há uma dor na mulher, vilmente, espancada por seu marido, um carrasco da vida...
Há um desespero na vida de travestis e prostitutas que são diariamente violentados e espancados...
Há um olhar triste no garotinho que na nóia do crack, sofre e se deestrói, sem carinho e apoio, dormindo coberto por um jornal...
Há um oceano de lágrimas: exclusão, fome e miséria, violência, guerra, desmatamentos, desastres ecológicos, poluição, desempregados... Sem Terra e Sem Tetos... O povo dos direitos violados...Escolas depauperadas; hospitais desumanizados... Desamor, crimes de ódio, exclusão...
E outras lágrimas: dos que seguem vitimizados pela apatia, comodismo e alienação.
A hora é de rebeldia. De indignação - disse Juvenal Arduini.
Os processos rebeldes das insurgências agenciam o novo e a mudança, o devir e o outro mundo possível...
Necessitamos de compromisso social, engajamento com a caminhada do nosso povo, militância...
O individualismo pós-moderno, com o falacioso fim da história, e com a fragmentação da vida social geram barreiras que devemos superá-las, se desejamos algo fazer...
Insurgir é denunciar, resistir, ocupar... construir o novo já.
Militar é agir...
Nossos fazeres e nossas verdades cristalizadas são mecanismos de reprodução e perpetuação da exploração, da opressão e da mistificação.
O homem coisificado e desumanizado, se esqueceu e se desconectou da sua potência de co-criador.
Vivemos passivos, só agindo reativamente, e nunca afirmativamente, imiscuídos nas relações de dominação e subordinação.
Fatalistas perdemos o horizonte da vida nova.
Urge repetir com Dom Pedro Casaldáliga: eu creio na justiça e na esperança...
A insurgência já não é uma ordem de um núcleo centralizador e proprietário da história...
Os insurgentes são as massas..
E elas explodem... Na rua, demandam, sonham... clamam pelo alvorecer...
Toni Negri diz que a nova militância carece de alteridade: dos primeiros sindicalistas americanos que iam, nômades, de fábrica em fábrica, co sua ação, criando o movimento insurgente, corpos emprestados para a causa, para a vida... e acrescenta que para revitalizar o sonho e a esperança, estes militantes, não podem se reduzir a anunciadores de um quantum de palavras-de ordem, precisam ser o novo, trazerem no corpo a radicalidade da simplicidade, da generosidade, da pureza, da ternura e do amor de um Francisco de Assis.
A insurgência, inspirado no texto de Guatari sobre Kafka, ocorrerá vitalizando e potencializando: nossa coletivização, o agir grupal , a vivacidade das redes sociais e uma multidão de grupos que funcionem como um rizoma fértil e indomável. Grupos e coletivos, redes... vida com quebra do individualismo que nos paralisa e anestesia... Devemos ser, diuturnamente militantes pela vida e pelo novo... A acrescenta que o novo e a mudança depende de se singularizar a insurgência, criando uma língua menor.
Espinosa fala que a ação insurgente só mobiliza as massas se fomenta bons encontros e paixões alegres.
Daí, vemos que a arte é um audaz guerrilheiro.
De Nietzsche, vemos que insurgência é desejo que se realiza no exercício da vontade de potência, na luta e pela luta...
Não poderíamos encerrar estas singelas notas, sem trazer na cena do nosso diálogo as palavras de Hebe de Bonafini: revolução se faz, fazendo-a; revolução se faz, partilhando; e revolução se faz, dando-se...
domingo, 6 de março de 2011
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