Jorge Bichuetti
Escuto no silêncio da noite
as vozesda vida, as que não
colaram no dia seus alvitres,
nem foram rascunhadas num
livro de sapiência e máscaras...
Escuto-as... ternas e mansas,
suspiros do tempo, orações
do vento... vozes, cantos e
alguns encantamentos... é a
vida acariciando a aurora...
Não só o mundo amanhece,
a vida acorda e desperta os
que a querem na plenitude e
na beleza do úmido orvalho,
um cálido alento... rústico
alimento: a água suavizando
as intempéries dos milênios.
Aves, batráquios, grilos e u'a
multidão de anjos, todos, num
só canto... vida do alvorecer...
No silêncio da noite, a vida
alvorece nova... germinando
na cadências dos sonhos um
desejo de verdejar e florir e,
assim, seguir fluxo nascente
entre o pó cinzento do ontem
e as fagulhas do devir no chão
uma centelha dos encantos do
mágico e etéreo infinito: amor
parido entre a relva e as estrelas...
gravidez cósmica da ternura
no ventre de uma nova humanidade...
SÓ
Jorge Bichuetti
Só... penso e cansado, sonho:
- a rua deserta, o cais vazio e o mar
entre a rocha e o horizonte... eu,
colho frutos silvestres e flores do campo;
talvez, ir navegando nas nuvens
me desperte... para ver no brilho do olhar
de uma criança... o mundo que será
a magia da vida na poesia do luar....
Só... no sonho, me livro do peso do mundo:
- longe da nossa vã desumanidade, há flores siderais
e uma vida onde pulsa brilhante
a ciranda do amar... um amar a mais...
Lá, adormecerei vida... corpo nu,
voo azul... sem minhas asas partidas...
04 e 08/10/2011 - universidade popular juvenal arduini
Nenhum comentário:
Postar um comentário