sábado, 1 de outubro de 2011

DIÁRIO DE BORDO: A CANTORIA DAS MANHÃS

                                             Jorge Bichuetti

Céu azul... Poucas nuvens.. A brisa matinal mantém o fluxo do luar... O sol nasceu; novo dia... Despertei-me com a cantoria dos pássaros; alucinado escutei nela a própria vida... Vida de alvoreceres; vida emplumada na esperança de um novo dia... A quietude serena dos álamos, o frescor do limoeiro... as romãs rompidas, ávidas por ser a alegria dos anônimos pardais... Queria ter visto o luar; queria a companhia da minha pequena Luinha, que descansa  - sonha... se refaz...Acordado, sonhei embalado na alegria da natureza que acordou para um novo dia verdejante... cheia de esperança...
O canto dos passarinhos asserena, pacifica... e enche a alma da gente de sonhos...
O sonho é , para alguns, somente a fantasia dos desejos reprimidos... Para mim, há nas suas entrelinhas uma vida suprimida, inibida, contida... vida pulsante que cálida e terna, espera, ávida de ser a vivida vivida... tecida na poética do amor, nos floreios da ternura... e nos voos da solidariedade que ponte e fonte para um novo tempo...
As noites de luar me fascinam... me dão visões e anseios de paixão e compaixão...
O horizonte azul dialoga, clama, exclama... roga... nele, escuto a oração da vida; da vida que já se quer vida de asas partidas...
As estrelas me ensinam a ser criança: uma multidão numa ciranda de luzes que brilham   tecendo os versos amorosos do céu estrelado: uma estrela na multidão, uma multidão em cada estrela... elos, fluxos subterrâneas no cosmos que nos convida para descentrar nossa vida que no redemoinho do cotidiano, quase sempre, gira nos entornos do próprio umbigo... ali, não... no céu estrelado, há entres e intensidades que rizomatizam  a vida na imensidão... uma floresta de velas acesas, bailando na sinfonia solidária da vida de compaixão... De longe, são pequeninas... no bailado harmonioso da vida é a própria imensidão... O nosso céu estrelado... Lições vivas: ser com o outro... ser no outro... ser para o outro...ser o outro... O infinito é tão mágico que se o miramos com quietude e reverência... nosso ego se envergonha de ser tão hipertrofiado, no ser um ente fagocitário da vida...
quando é um quase um nada no concerto terno e singelo que canta a vida no coral de esperança, onde o universo é verso, o reverso do uno e do múltiplo, é pura vida de multiplicidades que se conectam germinando na cantoria das manhãs... sonhos férteis de um novo amanhã...
A natureza, na beleza da aurora, nos afeta e nos agencia...  nela e com ela, sentimos a grandeza de ser... singularidade e de ser humanidade... Nos caminhos da vida quando a vemos num canto de passarinho, na ternura de uma rosa, na perseverança dos riachos... no luar, no céu estrelado... no dia que renasce... nos sentimos grandiosos - filhos da imensidão.... mas, já não notamos limites ou fronteiro, o outro, à luz da imensidão, é amor vivo, vida de alteridade... um elo, um nexo... companhia e parceria... vida de conexão... o outro ante a luz do céu estrelado é muito mais do que um irmão...

2 comentários:

Anônimo disse...

Dr. Jorge,

Viva a liberdade de expressão, as ilusões do passado e as esperanças para o futuro assim como a relidade do hoje.
Um beijo doce
Denise

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Denise: a vida é caminho precioso de paz e luz... abs ternos, jorge