Quietude... os álamos serenos, as estrelas faiscando suaves eflúvios de vida e paz... A madrugada fria se aquece no café, no cigarro, na poesia... Ontem, a ternura generosa da amiga Bárbara nos aconchegou no bailado mágico do Tai Chi Chuan; luta da suavidade que potência e germinação...
Acordei, com a minha Luinha, querendo enroscar nos meus escritos... como se desejasse bailar na minha pele, cirandando a alegria de um novo dia.
No céu, estrelas bailarinas... me ensinam a magia da luta de resistir, caminhando... de persistir, sonhando...
O silêncio me contagia... e com ele, aprendo o quando de energia que gastamos nas lutas onde a força e a sabedoria, tão-somente, buscam os degraus do poder.
Eu quero a magia da luta na dor do parto...
Viver é permanentemente procriar... gestar o novo; bifurcar, desbravando o inédito.
O mundo cinzento, pouco a pouco, anuncia a sua agonia...
E como diz o Subcomandante Insurgente Marcos: "não é necessário conquistar o mundo. Basta fazê-lo novo. Hoje, Nós."
O alvorecer chega de mansinho... um novo dia.
Podemos na rotina das nossas repetições vãs viver igual... Sustentar a mágoa e o ressentimento; correr nas pistas do consumismo e da competição... Manter nosso ego no centro... no trono... no útero materno...
Ou podemos mudar... Ousar a singularidade que nos desenha homem novo... viver com intensidade o riso e a lágrima... Solidarizar-se radicalmente... Enlouquecer de ternura...
"As rosas não falam"... porém, deixam no ar um perfume de vida que nos afeta, desconectando-nos com a ignóbil mediocridade da vida que se repete, suprimindo-nos de nossos desejos e sonhos.
Nosso tesouro é nosso caminho...
Seguimos a rota dos valores que cultivamos...
Representamos o roteiro das expectativas alheias...
Evitamos criar, gerar, gestar, procriar... parir o novo, o diferente...
Não vemos o azul do horizonte... Nem as lágrimas do povo da rua...
Não escutamos o canto dos passarinhos... Nem os clamores dos povos indígenas...
Negamos a dor dos negros no "samba que é a tristeza que balança... e a tristeza tem sempre a esperança de um dia não ser mais triste não..."
Vivemos pouco... vida inibida, suprimida, negada...
E a vida é abundância... Voo na imensidão...
Nossos preconceitos e nossos escusos interesses nos condicionam: vivemos fora da vida... vivemos no palco das ilusões de neon da globalização excludente e banal.
Fugimos do caos e do frenesi... do amor, das paixões; das alegrias...
Nem sentimos o quanto podemos, se ativamente, decidimos... viver uma vida parideira... viver para parir: o novo, o sonho... a justiça e a liberdade...
Assim, o tempo passa e a morte nos encontra... incapazes de orar com Mercedes Sosa: eu só peço a Deus... que a dor não me seja indiferente; e que seca morte não me encontre... vazio e só, sem haver feito o suficiente...PRECONCEITO ZERO!!! A VIDA VOA NAS ASAS DA LIBERDADE...
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