Canto... alegre e sereno. No meu colo, Luinha escuta. Cantigas de amor e e de mar... Flores que saltam dos livros empoeirados e revigoradas, me ensinam na finitude do minuto... a ternura do amor que é barco no mar da eternidade.
Assim, um novo dia começa...
Há tantas dores no mundo...
Me indigno ante a falta de ação que possibilite a germinação da vida na água ancorada das nossas dores...
Falta poesia... Cantoria; seresta... Roda na fogueira; vida tecida nas redes suaves da amizade.
A dor aniquila no deserto, no despovoamento que nos enclausura num mundin de choro sem colo e ombro; de angústias solitárias... de vida no vazio do individualismo burguês... Sem festa; sem oração... Sem companhia: pura solidão.
Viver é con-viver; con-viver é povoar-se na diversidade de cantos, cores, flores, poesias e prosas que na cozinha, ao lado do fogão de lenha, nos dá um novo horizonte... no clarão do fogo que prepara o pão e dá caminhos num cantinho de magia, onde viver é devir humanidade; que ativa força e potência das nossas próprias vulnerabilidades.
Asim, deixo-lhes com a força da poesia de Cora Coralina, onde busco minhas lições de vida e sobrevivência:
“Humildade
Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.
Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.
Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.”
Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.
Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.
Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.”
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