terça-feira, 26 de junho de 2012

DIÁRIO DE BORDO: ÊTA, VIDA ENLUARADA!11

                            Jorge Bichuetti

Na velocidade da rotina, meu coração pede rio e mar; aconchego de mata verde e maciez de relva... Campinas e montanhas... Jardins floridos e canções... Sedento, quer poesia... Poesia escrita na maestria do olhar mágico dos velhos poetas... poesia silenciosa no encanto da natureza que viceja resistente, tecendo auroras e noites enluaradas como se tricotasse o destino com sonhos... sonhos de amantes... e sonhos de meninos...
Minha vida é comum... Homem comum vivo meu tempo... Mas, meu coração rebelde deseja mais... quer parir novas vidas e quer dar chão ao porvir... Contesta, porém, não é tristonho: meu coração vive mergulhado em sonhos.
Dizem que a realidade é dura e cruel... Assim, a sinto vendo a morte e a desvalia da vida de tanta gente, que para não inundar-me de lágrimas, nomeio de outro... sendo eles, contudo, parte de mim... tanto quanto deles sou parte... na canção do infinito que nos clareia o caminho, clamando por uma nova vida, vida de humanidade.
Há demasiada dor no mundo...
Há cruéis opressões; violentas ações nefastas que acinzentam o mundo... descolorindo os caminhos que vêem suas flores secadas na fornalha da exclusão...
Meu coração não pode...
Ele sonha... seus sonhos colorem, de novo, o horizonte... assim, vejo outros que também vivem dados ao sonho e redescubro um mundo cheio de cores e sentidos; com um horizonte povoado de lutas de ânsias de mudança.
Enluarar-me é meu esforço diário... minha atitude de vitalizar-me para seguir caminhando.
E estes sonhos convocam minha vida a  uma radical transformação.
Viver o amor e a compaixão, a solidariedade e a ternura são exercícios que me sustentam no caminho.
Não os tenho expontaneamente... cultivo, como quem semeia na terra orvalhada de sonhos o próprio pão que o permite ser... para além do que é... e viver no alvorecer de um tempo que ainda irá chegar...


Nenhum comentário: