Jorge bichuetti
Aninhado, gato de cristal no sofá
da sala de conversas, sonhos e cantos;
esfinge pensante... meu corpo dói, mas
minha alma, minha vida voa... sob o monte,
e, do alto, vê as flores ribeirinhas da ternura maior...
Tateando, ergo-me... passarinho azul com sonhos de porvir.
Trôpego, caminho... flor baldia com sede de chão:
poeira no ar no sapateado gingado dos tambores...
Frágil, deito-me... sorrindo; alucinado miro e vejo,
nos abraços suaves e cálidos dos amigos, floriu
o manancá da serra... a quaresmeira... os ipês...
Um samba me acaricia o coração arrítmico;
e, eu recolho a lágrima de saudade do Rio Grande,
com ela, regarei as roseiras que nascerão no horizonte azul...
AVES NO VOO...
Jorge Bichuetti
No ninho, com medo do temporal,
não voei... e, ali, solitário quis as nuvens
coloridas pelos pincéis do alvorecer...
Voar é desapegar-se do corpo e dar-se
aos sonhos, ao porvir... à ternura que tece
com argila e mãos... os portais da primavera.
( para minha amiga e companheira Irmã Amália)
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