Jorge Bichuetti
Chove. E chove tanto que pela primeira vez, senti o que os pais sentem sendo observados por psicanalista... A Minha pequena Lua acredita que, por ciúmes e possessividade, eu ordenei que se chovesse, para tê-la só para mim... os pássaros não cantam... Escuto Bethânia, esta cotovia da imensidão que caiu na Terra para que não ficássemos ao léu... Os álamos, solitários, pois, não podemos admir´´a-los; estão irradiantes... amam a chuva.
Sigo cheio de esperança... Com fé na vida e no homem... Lutando e tentando algo fazer...
A alegria não é uma dádiva, é uma emoção que podemos ativamente cultivá-la... Na verdade, muitas vezes, desfrutamos de alegrias que nos são oferecidas pela vida e pelo mundo; principalmente, pelos amigos. estes são momentos de alegria.
Há uma outra alegria...
Esta é construção.
Nasce do nosso desejo de ser e estar com o outro , devindo-se solidariedade e ternura, suavidade e compaixão...
Nasce do nossa opção de guerrear... Lutar e resistir aos desmandos da opressão e às crueldades da exploração...
Nasce da vida que é caminhada de partilha e companheirismo, generosidade e cumplicidade...
Nasce da serenidade e da paz, do amor e da esperança...
Nosso mundo não possui esta alegria: posui umpluraridade de risos fúteis e vazios, de uma festança de silidão e desencontros..
A festa é celebração da alegria do encontro, e celebração do encontro da alegria...
Não é um na multidão sem uma mão, um abraço e um sorriso que ocorrem entre vidas nomeadas num devir amizade que nos quebra e aniquila nossa árdua solidão.
A massa necessita para que não seja simplesmente uma série de homens incontáveis de algo que os vinculem.
Um sonho... Um desejo... Um projeto... Uma paixão... uma esperança... Uma utopia...
Alegrar e se alegrar é um potente dispositivo do amor, do cuidar e do fazer re-viver...
... Mas para isso ocorrer, urge que nos encontremos. Um encontro de subjetividades que se reconhecem como alguém que tem nome e história, ou como um grupo que guarda esperanças e sonhos, vida de utopia e utopia de ser agenciamentos de um porvir.
***
Há uma lágrima na nossa alegria...
Sorrimos, dançamos, cantamos... e atá fazemos amor... Porém, não amamos.
Há uma lágrima na nossa alegria...
Sambamos, vestimos alegorias e fantasias... Caímos na folia... contudo, não vemos o outro que chora, que passa fome, que teve o corpo violado... fugimos da trsteza para que ela não pertube nossa vã distração.
Há uma lágrima na nossa alegria...
Somos felizes; mutilando nossa alma para que esta seja insensível às dores do mundo e da vida.
Há uma lágrima... e ela nos revela quão pequena e curta será nossa alegria.
***
Busquemos toda alegria... Sejamos felizes... Todavia, não esqueçamos que a lágrima do outro um dia inundará nossa avenida.
A alegria duradoura é um projeto de encontro e partilha, comunhão com a vida que pulsa afirmativa no coração que passa , chorando, à espera de alguma mão...
A alegria que persiste nasce da nossa luta... Da nossa luta por um mundo onde não haja a exclusão da alegria para os que seguem na miséria, na solidão, na marginalidade e na fria noite que invade os abismos deste mundo onde a vida é privada de se expandir para todos e com todos celebrar a alegria do amor e o amor da alegria.
segunda-feira, 7 de março de 2011
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4 comentários:
A chuva persiste,a alegoria persiste na imensa avenida da vida. Grande verdade: na alegria cega e cristalizada no egoismo há e sempre haverá uma lágrima:
Lágrima da insegurança, do medo, da vergonha que brota da insensiblidade cultivada pela sociedade capitalista.
Mas prossigamos na utopia das formigas, abelhas e cupins "PROJETANDO E PRATICANDO SEMPRE", a semente sendo boa vingará.
Stato molto bello trovarte in questa matina di pioggia, piena di poesia.
Baccione
Angiolleto Moretto
Moretto, que emoção! tuas palavras poéticas e vivas me revela o que sinto; nossa necessidade de lutar, sonhar... e fazer destes espaços de utopia um espaço de alegria e liberdade... Outras alegrias vem e passam, deixam as lágrimas de lado e trazem outras...
Vivamos nossas alegrias, sonhando...
Sonhemos, alegrando-nos...
Abraços com ternura e carinho, Jorge
Lindo, Jorge! E viva a inclusão! Assim como escreves, seria premente fomentar o desejo de escrever em teus educandos à liberdade, pois as narrativas de si mesmos constituem-se em uma riqueza sem limites para a construção e descobertas de subjetividades. “Emerge assim a possibilidade de resgate da narrativa. Ver e contar estórias e pequenas impressões no tempo em que a vida se dá, nos instantes por si mesmos sem aprisioná-los." Beijos
Tânia, quando eu descobri que meus sentimentos, minhas emoções, minha poesia com suas histórias de luares e de dores podia ser instrumento da vida, me libetei... vivia encolhido, um canto sem recanto e sem encanto...
Devo ao institucionalismo esta minha libertação. Implicar-se, ver-se para ver... e ser para devir...
Lhe tenho muito carinho e ternura, abraços com a saudade do que ainda vamos pensar e viver, partilhando vida-poesia e cantares,
Jorge
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