O orvalho e a brisa matinal riscam minha pele... Não leio os escritos do tempo; aspiro bailar com os álamos como se a vida fosse um baile interminável: afagos e carinhos; carícias e êxtases... Os álamos que altos, enxergam além, sempre exaltam e celebram a magia do infinito...
Eu, ébrio com esplendor das rosas perfumadas... alegro-me; uma alegria triste, pois, dói ir recolhendo as rosas secas... as que não suportaram o calor entendiante do meio-dia... As vejo, não posso negar. Não consigo sonhar e vê-las, somente no brilho da da aurora e no cálido aconchego das noites estreladas...
Tudo se transforma: chegada e partida, encontro e desencontro... ternura e indiferença... paixão ruidosa e silêncio nos rumores das lembranças...
Guimarães Rosa assevera que "saudade é ser, depois de ter"...
Como néscios não percebemos o valor de cada instante...
O beijo roubado... a rosa na janela... a cantiga no ar... um caminho entre flores que nos invejam no carinho das nossas mãos dadas...
Tudo se transforma...
Alguns partem para o azul do horizonte; outros são abduzidos pelos festins de neon...
Mudamos nossa rotina... Ocultamos lágrimas, e seguimos com o nosso sorrisoso sibilante...
Quantos amores!!! Paixões, amizades... corações queridos...
A partida não é um fim: somos amores... não é, mas como dói...
Talvez, pudéssemos diante dos rodopios da vida que nos ensina diariamente o peso da finitude viver com amis intensidade...
Gritamos que o amor é o valor maior da vida... Contudo, para ele, quase nunca temos tempo, paciência, criatividade... alegria e ternura inventada na vida remoçada na potência do dar-se e receber...
Andamos submersos no pântano das obrigações diárias...
Corremos atravessando o relógio, tão-somente para não perdermos tempo.
Já não sabemos criar vida feliz com o tempo vazio, com as horas disponíveis e com aquelas que a gente rouba da rotina cinzenta dos nossos dias...
Viver é tecer no caminho o azul do horizonte e o céu estrelado no chão que pisamos e na pele que vestimos...
Amar é a ternura, a gentileza, a cumplicidade... o carinho e as carícias da partilha.
Não é conquista... Não é costume... é magia e poesia que faz a vida florescer...
Amemos...
Usemos o tempo para garantir a sustentabilidade da nossa humanidade no amor exponencial...
Um dia, a morte chegará... e o tempo, entre cinzas, seguirá, mas já semearemos, não adubaremos, nem colheremos as rosas vivas e perfumadas do amor sem fim.
2 comentários:
Saber deste impetuoso declínio que a vida encontrará num futuro próximo é motivo ainda maior para que, enquanto se há, lutar pelo Amor e Amar sem medidas, afim de que o pouco tempo que nos resta não ter sido jogado na fogueira das vaidades e da inexistência sem ter sido expressão livre e libertadora, de fraternidade e compaixão e alegria!
Se há tempo, amemo-nos... amando, subvertamos o tempo e inventemos novos caminhos. abs ternos, jorge
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