Jorge Bichuetti
A arte fascina e afeta, produzindo novos modos de viver e existir...Nietzsche chegou a expressar que só a música dava sentido a vida.
De Heráclito a Deleuze-Guattari, a arte é percebida como único acesso aos territórios da eternidade.
Na arte, conseguimos manifestar e nos inundar de emoções, vivências e virtualidades que não logramos trabalhar pela palavra codificada no discurso lógico e racional.
Todo universo do inconsciente e das utopias, são mais prófícuas se expressas pela arte.
Também, se passa o mesmo quando o tema é falar e contar das dores, frustrações, inibições e sofrimentos.
Gandhi , claramente a celebra, dizendo que nosso objetivo maior na vida era transformar a própria vida numa obra de arte.
Hoje, inegavelmente, a arte conquistou espaços na clínica e no cuidado, na educação e das intervenções sociais e políticas, e no cotidiano da vida onde ela se revela valiosa num espectro amplo que vai do lúdico ao crescimento, autoconhecimento e produção do novo.
Na sociedade atual ela atravessa um momento importante e perigoso.
Vem sido capturada e manuseada pela lógica reprodutiva, substituindo a criatividade pelo manuseio de engenhocas ligadas ao tecnoreprodutivo, ao automatismo, à álgebra e à matemática e própria razão lógica.
Um exemplo da substituição da criatividade artística, baseada, nos afetos, nas emoções e intuições, é a fotografia digital...
A arte possui uma potência singular na produção dos devires...
Ela quebra a couraça de insensibilidade e nos alisa, tornando-nos territórios férteis às florescências do devir.
Ela desterritorializa o indivíduo e coletivos e, também compõe com suas conexões heterogéneas dispositivos de produção de subjetividades livres ( subjetivação )..
O devir- vir a ser; não emerge por opção ou escolha, embora, nossas opções e escolhas nos afastem ou aproximam dos movimentos do próprio devir; o devir surge, acontece, vinculado a um desejo artístico, mobilizado por uma vontade de potência que age afirmativamente, como agenciamento e experimentos de vida, que atualizam virtualidades, devires.
A realteridade, as virtualidades imanentes à realidade concreta, necessitam serem atualizadas, ganharem consistência no terreno do existir.
E a arte nos conecta com a realteridade, sendo desta uma expressão e um canal de acesso.
A arte nos vitaliza, dá suavidade serenidade, e nos aquece... Catalisa forças ativas e desejantes do novo... Sendo um chamado e um veículo de experimentações criativas , através das quais se ativam o movimento da vida que constituída pelo vir a ser, pela impermanência, pelos devires; assim, podemos notificá-la como um agenciamento criativo de produção do novo radical nos indivíduos e na coletividade...
Ela cura, educa, pacifica, fermenta, fertiliza, desperta sonhos e desejos, contrói caminhos de luta... Contudo, ela pode muito mais... Ela nos retira do mesmíssimo e nos mergulha nos jogos da vida, dos movimentos e experimentos, donde as virtualidades se atualizam gerando novos e inusitados devires.
... Arte: vida-movimento. Um caminho do devir...
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
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5 comentários:
A arte permite que a pessoa saia dos seus territorios conhecidos e passe a transitar por novos, utilizando-se de outras lentes, valendo-se das lentes da emoção, dos sentimentos fraternos, apaixonados, sublimes, da vida em si como uma própria obra de arte atemporal, que precisa ser cuidada para não perder o seu valor.
Beijos
Pois entao companheiro arte é um jogo .. e nesse jogo esta toda a possibilidade daquilo que pode vir a ser ... antes do homo Sapiens já se era Homo Ludens( Johann Huizinga)
Um abraço
Tânia, a arte é um processo intenso que desterritorializa nossos espaços, amplifica nosso funcionamento: novas lentes, nova visão... Vê-se com a pele: valorizemos na vida e no caminhoa a arte, legaremos, assim, um parcela de vida para um mundo vivendo o perigo da captura cruel da automatização da arte, um espaço histórico de resistência.
Abraços cm mimensa ternura, Jorge
Adilson , um jogo da vida dos contrários que brincam e brigam numa confusão e criativa inter-ação.
A arte é fonte de devires inusitados, sua poesia é permeada de devires... Um jogo onde Apolo e Dionísio divergem e associam, brincam e se acoplam...
Abraços, Jorge
Postei o texto da Estamira no blog Uma Nova Ética Humana. Espero que tenhas visitado e lido os textos que publiquei nos blogs:
http://wwwpalavraseimagens.blogspot.com
http://wwwumanovaeticahumana.blogspot.com
www.degraucultural.blogspot.com e
www.marquesiano.blogspot.com
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