domingo, 27 de fevereiro de 2011

SOBRE A LIBERTAÇÃO: NOTAS DESCARTÁVEIS

                                                                            Jorge Bichuetti

Vida e caminho vão se realizando e nem percebemos que algumas ilusões ou modos de funcionamento nos limitam no desbravamento de horizontes de afirmação da vida e da alegria, da liberdade e da invenção do novo.
Abordaremos três destas nebulosos probremáticas:

Desejo e amor: nosso modo de desejar e amar, enraizados na subjetidade dominante, é individualista, reducionista e reprodutivo e triangular. Competimos, nos movemos por desafios e buscamos um ideal que nos totaliza, livrando-nos das dores inerentes a finitude como componente da existência...
A fonte , deste nosso modo de ser, é narcisismo, a onipotência e o édipo...
Somos mais... A vida é muito mais...
O desejo, como já dialogamos, anteriormente, não é um teatro que repete o mesmo no afã de nos acalentar um falta...
Nem se restringe ao campo da sexualidade, da genitalização e do amor sensual...
E, principalmente , ele é abundância que se produz incessantemente: é construtivista...
O construimos.
E não desejamos um objeto. Não existe um obejto que seja por nós desejado, perante o qual nos fragilizamos, já que ali está nossa possibilidade alegria e prazer.
Desejamos um conjunto..
focalizamos uma pessoa, coro desejado... Ilusão. Ela compõe um conjunto uma geografia, um modo de vida, novas possibilidades e linhas do existir.. Captamos, ali, na pessoa, um conjunto com elementos da vida e da natureza, com modos de existir e conexões do novo...
Então, quando descobrimos que desejamos, construtivamente, num excesso, e um conjunto, acabamos tendo que concluir que aquele corpo que nos fisgou à atenção não o único e soberano objeto de acesso e de composição com aquele conjunto desejado.
Nossos desejos e nossos corpos não nos conduzem a servidão... São vias libertária de potência e alegria.

Máquinas de Guerras: pensamos a vida e a caminhada como se fôssemos ora um passivo guiado pelo destino, ora alguém com a responsabilidade de tudo fazer e conseguir para que a vida flua... A ideia de máquina de guerra não se refere ao bélico; porém, sim, as conexões e redes, dispositivos que tecemos para criar um corpo coletivo de afirmação guerreira da própria vida.
Já não somos donos solitários das nossa cruzes, espinhos e obstáculos; nem os únicos que viabilizarão nossos sonhos e desejos, novos horizontes...
Necessitamos montar, articular nossa máquina de guerra: conexões heterogêneas com indivíduos, coletivos, elementos da natureza e da arte, o cosmos... Criamos uma máquina que funciona, coletivamente e transversalmente, no sentido de potencializar os acontecimentos e os trabalhos inovadores e criativos que nos fazem pulsar o coração.

A dor da solidão: sofremos com a nossa solidão. Por ela mergulhamos em abismos e pântanos, criamos simbioses e co-dependências... Nada disso faz sentido, pois a potência de uma vida e se capacidade de conseguir companhia nasce das redes sociais que ela se conecta e alimenta... Se mantemos redes não hierarquizadas, diversificadas e flexíveis... E se as montamos auscultando nossa própria multiplicidade, agenciamos um contexto plural e povoado que nos permite sair do deserto da solidão e vivenciar a alegria dos bons encontros e das paixões alegres...

Já dizia Guimarães Rosa: Viver é etecetera...

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