quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

BONS ENCONTROS: A DANÇA,, UM ESPAÇO DA LEVEZA E DA VIDA- LIBERTAÇÃO

"Dançar é muito mais aventurar-se ......Klauss Vianna."

                        
"Dançar é muito mais que aventurar-se na grande viagem do movimento que é a vida."

                         Minhas aulas começam quando ao acordar eu pergunto. Porquê, para que?
como resposta o espreguiçar lento de um tema para pensar...
Leveza...é antes de tudo uma qualidade?
                    Toda interpretação empobrece o mito e o sufoca.
                    Não pense muito, é melhor deixar que as coisas se depositem na memória.
Sempre que sinto peso, preciso voar para outro espaço. Não se trata de fuga para o sonho, o irracional....É simplesmente mudar o ponto de observação, considerar o mundo sob uma outra ótica, outros meios de conhecimento e nunca dissolver-se  como em sonhos.


                    A leveza está sempre em movimento - é sempre um novo vetor de informação, um pensamento que afirma a vida.  A vida seria a força ativa do pensamento, e o pensamento seria o poder afirmativo da vida. Pensar significa descobrir, inventar, novas possibilidades de vida. Gera o conflito. O conflito gerador do movimento. O mesmo ocorre sempre, na vida e no corpo.
                    O trabalho em conjunto, antagônico, dos diversos grupos musculares redundam quase sempre na intenção de um gesto. O gesto é leve e carregado de aposições de onde provem um dos conflitos. Entre os seus espaços ósseos existentes estão chegando sempre o chegar carregado de partes, o amor cheio de ódio que são ações se desenvolvendo e contidas em seus extremos.
                    O partir de um lugar significa chegar a outro....Em nossa musculatura acontece o mesmo processo. Do gesto de esticar  um braço seu músculo já está inserido no movimento.
                    A cada ação corresponde uma reação. Já aprendemos ao nascer. Uma pequena resistência a qualquer movimento o torna mais consciente e visível.
                    As aposições musculares nos conduzem às espirais contidas nos ossos aonde se prendem os músculos. E os músculos e ossos repetem em nosso corpo indefinidamente este sábio pensamento de Nietzsche.
                    Esta é a mesma afinidade entre o pensamento  e a vida, a vida fazendo do pensamento algo ativo, o pensamento da vida algo afirmativo. Essa afinidade é nada mais, nada menos que a essência do que chamamos vida.  
                                                                                           (Klauss Vianna)
 DO BLOG: RETIRO TERRAMOUR


KLAUSS VIANNA


                                                Biografia
Klauss Ribeiro Vianna (Belo Horizonte MG 1928 - São Paulo SP 1992). Preparador corporal. Introdutor de um método próprio voltado para a corporalidade expressiva de atores e bailarinos. Klauss Vianna assina a expressão corporal de Roda Viva, de Chico Buarque, 1968; O Arquiteto e o Imperador da Assíria, de Fernando Arrabal, 1970; e Hoje É Dia de Rock, de José Vicente, 1971.
Formado no balé clássico, Klauss Vianna começa a dançar aos 15 anos e, no início da década de 50, freqüenta curso da bailarina russa Maria Olenewa. Funda, em Belo Horizonte, com Angel Vianna, com quem vive durante 25 anos, o Balé Klauss Vianna. Passa dois anos em Salvador, onde, a convite da Reitoria da Universidade Federal da Bahia, funda o departamento de dança clássica da Escola de Dança. É convidado a lecionar na Escola de Dança do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e começa a desenvolver uma pesquisa com atores.
Trabalha em torno do princípio de que toda pessoa traz dentro de si a sua dança, e o professor funciona como aquele que deve trazê-la à luz. Para isso, é preciso que se chegue a uma grande soltura física, obtida por meio da profunda consciência do próprio corpo - músculos, articulações, ossos - sem o que o ator não faz mais do que reproduzir formas existentes. Codifica tais princípios em exercícios e começa a experimentá-los como base da criação do ator em A Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht, direção de José Renato, 1967, que inaugura a Sala Cecília Meireles.
O trabalho em O Arquiteto e o Imperador da Assíria, de Fernando Arrabal, direção de Ivan de Albuquerque, pelo Teatro Ipanema, 1970, lhe confere o Prêmio da Associação Paulista de Críticos Teatrais - APCT, e a seguinte apreciação do crítico Yan Michalski: "Sem o preparo atlético que receberam de Klauss Vianna, eles [os atores] dificilmente agüentariam as três horas de terrível desgaste de energia; e o uso expressivo que eles fazem de seus corpos é talvez o melhor que eu tenha visto no teatro brasileiro. A virtuosística cena de mímica com os pés, sensacionalmente marcada por Klauss Vianna, foi merecidamente aplaudida em cena aberta na sessão especial para a imprensa".1
Trabalha como ator no espetáculo de José Wilker, Trágico Acidente Destronou Tereza, 1968; e no fenômeno do Teatro Ipanema, o espetáculo Hoje É Dia de Rock, no qual assina também a expressão corporal do espetáculo, ganhando o Prêmio Molière, em 1971. 
Assume, ainda na década de 1970, a direção da Escola de Teatro Martins Pena, integrando alunos e professores em uma "escola aberta". Em 1977, encena O Exercício, de Lewis John Carlino, recebendo o Troféu Mambembe de melhor direção. É o diretor do Instituto Estadual das Escolas de Arte do Rio de Janeiro, Inearte, de 1978 a 1980. A partir de 1981, transfere-se para São Paulo, onde dirige a Escola Municipal de Bailado e torna-se membro do Conselho Estadual de Dança da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, em 1982.
Seu método é registrado em 1990, com anotações de quarenta anos de trabalho, em colaboração com Marco Antônio de Carvalho, a partir de bolsa concedida pela Fundação Vitae. Imagens e conceitos sobre seu método encontram-se, também, no vídeo produzido pela Secretaria Municipal de Cultura, Memória Presente: Klauss Vianna, 1992.
Funda em 1992, juntamente com Rainer Vianna, seu filho, e Neide Neves, esposa dele, a Escola Klauss Vianna, que encerra suas atividades após a morte de Rainer, em 1995.
É pelas mãos de Klauss Vianna que os bailarinos brasileiros começam a abandonar as sapatilhas e a usar o corpo como instrumento de criação pessoal. Seu trabalho no Teatro Ipanema permite ao grupo aprofundar sua proposta não realista e definir, na linha de interpretação, o teatro ritualístico que caracteriza as montagens mais importantes da equipe. No Rio de Janeiro, a Escola Angel Vianna continua a difundir seu método na formação profissional de bailarinos, atores, coreógrafos e terapeutas corporais, escola que se torna curso superior em 2001.
Sobre a trajetória e importância de Klauss para o teatro, escreve o crítico Macksen Luiz: "Klauss Vianna, marido e colaborador de Angel Vianna em suas pesquisas do movimento, não foi apenas um parceiro na permanente investigação do corpo como fonte expressiva, mas também como elemento dramático capaz de recolocar o ator em cena idéia de consciência corporal. (...) Esse mineiro foi um pioneiro na transposição da dança (movimento corporal) para a dramática da cena (a palavra na raiz do movimento), e de certa maneira mostrou que o teatro poderia dançar, soltar a voz junto com a sinuosidade do movimento".2
Notas
1. MICHALSKI, Yan. Sonhos no império da Assíria (II). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 maio 1970.
2. LUIZ, Macksen. S/ Título. Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, Caderno B., 7 de abril de 1998, primeira página.

6 comentários:

santuzza disse...

será que esta maquina que tão feliz me fez pode tambem me obedecer? meu tio klauss me fez radiante de alegria ao contigo aparecer, ou foi apenas ilusão de ótica da máquina tambem. por favor meu deus faça hoje meu comentário aparecer eme blgue tambem conseguir hoje escrever santuzza

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Santuzza, não foi um sonho: montei com o texto e uma biografia uma singela homenagem a ele, a dança e você: a bailarina dos voos celetiais..
Abraços com imensa ternura, Jorge

Marta Rezende disse...

Fantástico Klaus Vianna!!! Vou esperar a homenagem da Santuzza. Vôos no blog. Klaus! Klauss! Klausss! Assim fala o Zé Celso nesse bonito vídeo sobre o Klaus:
http://www.youtube.com/watch?v=OQL4KKPQ6HE

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Marta que alegria poder homenagear e manter viva a lembrança deste e daquele que passaram nos legando algo que os eternizam...
Santuzza é sobrinha do Prof Klauss...
Ela que trouxe a lembrança... e a ternura na mirada sobre sua obra.
Abraços, com imensa ternura, Jorge

Marta Rezende disse...

Morte-bailarina

No quinto andar
na dor.
O que pode um corpo?

Pode tudo a dobra
no ar.
O vôo do corpo.

Desdobra redobra
na Terra.
A obra-corpo Deleuze.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Marta, a filosofia se torna amiga e amante num interpretar poético que nos leva aos voos libertários do próprio devir...
Um carinhoso abraço, Jorge