segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

SOCIEDADE DOS AMIGOS: ENTRE O TEMOR E O DEVIR, HÁ LUGAR PARA UMA FLOR...


                    Fator 50
                         Fernado Yonezawa

O Sol é maior
O Sol é mais próximo hoje
Ele vem abraçar esse solo cinza de cidade
Dizer que não tem mais jeito de ficar tão longe
Espalhado pelo azul

Precisa arder nossa nuca
Avermelhar os coitados homens-branco
Tacanhos e fracos

Sob um amarelo cada vez menos luminoso
E cada vez mais vermelho
Oscilamos desesperadamente como moscas
Inflamados estamos
Do bafo quente e sufocante de nossa razão demente
Bafo quente do Sol nos avisando do progresso que fizemos

Adoecemos o céu desse mundo
Fizemos do lar um depósito de fuligem
E aflição

Tudo arde com secura
Seguimos reto
Sem ouvir a nossa pele
E com olhos fitando em riste

O Sol e o mar não interessam
O que importa é vender

Tudo arde com secura
Neste mundo da gente
Nem a gente conta mais
Bravos são os que corroem
De conformismo
E de sucesso

Venda
Venda
Sucesso de venda
Milhares de vendas
Principalmente para os olhos

O modelo mais pedido
Aquele igual ao dos cavalos

Lambuza a pele de creme
Para continuar doendo por baixo
Mas a pele não se vende
E não se venda

O louco bigodudo alemão já disse
Ninguém ouviu porque ele era louco
Temos uma doença de pele
Somos nós
A doença de pele dessa Terra sem terra

Depelamos o mundo
Pensando tão bem
Depelamos a gente
Ficamos todos branco-lagartixa

Matamos de fome e de sexo os pretos
De máquinas e lâmpadas os amarelos
De gripe e de balas os vermelhos

Sim, de tanto avanço que nos enaltece
Morremos na nata fervente
Que nos deixa sem pele

Mas o louco bigodudo alemão tinha avisado...
Tudo fica puro
branco
Pura brancura insossa


                    Devir pedra????
                                      Lillian Naves

Pedra não fala.
Por que pedra não fala?
Tudo fala o todo tempo!
A pedra mantém-se calada.
Inerte.

Mas não resiste a um chute!
Chute-a e ela poderá ir looooonge....

O que eu diria se fosse chutada?
!@#$%¨&*() ...
(com certeza algumas censuras)

Afinal, há um devir pedra?
Qual é este devir pedra?
Se ela falasse para ensinar...

Se falasse pra ensinar,
Teria que ter o devir pedra
para ensinar!
Oras!
Não seria uma PEDRA!!!

...
...
...

Mas é um caso a se pensar
isso de ser pedra...
ou melhor dizendo,
repensar em que fazer
se for chutada.

Seguir exemplo de pedra?
Talvez...


PAPAI
             Paulo Cecílio

Sonho que me toca jovem,
a mão  vívida do velho.
Nítidas, mas em tom suave,
seus olhos dizem palavras.

Dizem que não existem.
Não há o que dizer.

Não sei o endereço da mão que sussurra,
nem onde moram aquelas íris calmas
                                                         que habitam com ternura em mim.


                                                    TROVA
                                                            Vivaldo Berbardes de Almeida

Se ameaças me devolver
tudo aquilo que te dei;
tenho muito a receber
do amor que a ti dediquei.



5 comentários:

Lillian disse...

Jorge! Você publicou??? kkkk
Achei esta poesia, não fosse publicar...
Essa poesia sobre pedra ficou esquisita...

Lá vai outra de uns versos já comentados em outros espaço:

PURO DESEJO

Nosso cheiro se entrelaça
Se seduz, se conquista
Serpenteia em carnavais

Na leveza do presente
presenteia com amar
do amor erótico livre

Sem amarras do futuro
Dança, brinca, graceja
Exala pela pele o desejo

Faz-se uma noite de cada vez
Deita amaciado entre cheiros
que nos mete em bons lençóis.

Lillian Naves

Lillian disse...

O Sol é bom, mas as vezes arde. Pior ainda, aquele preso, que arde de dentro para fora, sem a possibilidade de se dissipar seu calor. Não aquece, queima!

Abraços Jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

O sol se nasce com o orvalho da ternura e do carinho, ele aquece , mas não queima;
este seu poema é lindo , irei postar, assim, que for sair outras postagens " sociedade de amigos",
Continue a poesia desterritorializa, alisa e trás devires encantados.
Abraços com ternura,
Jorge

Michel disse...

Devir Pedra!!
Gostei!

...
...
...

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Michel, devir pedra...mineral, rocha... rubi, pedra-sabão...
Um corpo perto, nas cercanias do Corpo sem órgãos.
abraços, Jorge.