sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

MESTRES DO CAMINHO: ROSE MARIE MURArO, UMA NOVA ORDEM SIMBÓLICA

         POR UMA NOVA ORDEM SIMBÓLICA
                                 Rose Marie Muraro


 Cada espécie animal percebe o real segundo a vida que lhe é peculiar. A espécie humana relaciona-se com ele por meio de seus sistemas simbólicos. E é exatamente por esse motivo que ela é a única espécie que o pode transformar. Mas, embora a capacidade de simbolizar seja inata, seu uso varia ao longo dos tempos.É pelos sistemas simbólicos que os seres humanos pensam, falam, se comunicam e criam as suas leis de comportamento e, portanto, os seus sistemas sociais, políticos e econômicos. Esses sistemas variaram muito nos 2 milhões de anos de vida de nossa espécie, principalmente nos últimos 10 mil anos do nosso período histórico. O grande erro dos pensadores foi tomar os sistemas, que foram socialmente construídos, como biológicos e imutáveis. Isso aconteceu, por exemplo, com os psicólogos do fim do século 19 e do início do século 20, principalmente Freud e Lacan. Freud afirma que a natureza foi madrasta com a mulher porque ela não tem a capacidade de simbolizar como o homem. Lacan afirma que o simbólico é masculino e que "a mulher não existe". Não existe porque não tem acesso à ordem simbólica. A palavra pertence ao homem e o silêncio pertence à mulher. Segundo ele, o simbólico é estruturado pela cadeia de significantes na qual o grande organizador é o falo. Este, ao mesmo tempo, é metáfora do órgão sexual masculino e do poder. O poder -que é essencialmente masculino- é o "grande outro", ao qual, implícita ou explicitamente, todos os atos simbólicos humanos se referem. Incluem-se aí os pensamentos, os gestos, as leis e até os sistemas macro (políticos e econômicos). E, de fato, ele tem razão. A realidade humana é gendrada (gendered), como gendrados somos todos nós. Todos os sistemas simbólicos atuais foram sendo fabricados pelos -e para os- homens. Leis, gramática, crenças, filosofia, dinheiro, poder político eeconômico.Na última metade do século 20, no entanto, algo novo aconteceu. Os dois grandes resultados da sociedade de consumo são a entrada da mulher no mercado mundial de trabalho -uma vez que o sistema fez mais máquinas do que machos- e a destruição dos recursos naturais -porque os retirou da natureza num ritmo mais acelerado do que capacidade de reposição dela.
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As mulheres já estão entrando nos sistemas simbólicos masculinos; ajudando a desconstruir a ordem universal de poder. As mulheres entram nos sistemas simbólicos masculinos no momento em que esses estão se mostrando implacavelmente destrutivos em relação à vida. A tarefa monumental que os movimentos de mulheres e as mulheres têm hoje é a de construir uma nova ordem simbólica não mais centrada sobre o falo (o poder, o matar ou morrer 

que é a sua lei), mas uma nova ordem que possa permear desde o inconsciente individual até os sistemas macroeconômicos, mas, agora, numa nova ordem estruturada sobre a vida. Essas reflexões não poderiam estar sendo feitas se esse trabalho já não estivesseem curso. Já estão sendo construídos consensos entre os povos contra uma dominação global que exclui o grosso da humanidade e sobre uma nova ordem que inclua uma relação complementar entre os gêneros, uma família democrática, um tipo de relação econômica que não transfira a riqueza de todos para os poucos que dominam, que inclua relações comerciais e econômicas menos desumanas e destrutivas. As mulheres já estão entrando nos sistemas simbólicos masculinos. E não só nas instituições convencionais (empresas, partidos etc.), mas também em outras, muitas vezes na contramão da história (nas lutas populares, ecológicas, pela paz etc., onde são a grande maioria). Elas estão construindo uma nova ordem simbólica, na qual o "grande outro" é a vida (viver e deixar viver), e ajudando a desconstruir a atual ordem universal de poder. Se não trabalharmos nessa profundidade, por mais que se transformem as estruturas económicas antigas, elas tenderão a voltar. Ou substituímos a função estruturante do falo pela função estruturante da vida ou não teremos mais nem falo nem vida.






               sonhe com aquilo que você quizer
                                                    Clarisse lispector

Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.
 



BONS ENCONTROS; 

Rose Muraro, militante femista e intelectual - fala na necessidade da mulher destruir com sua subjetividade e luta a dominação fálica...

Di Cavalcanti: o pincel transcental retratando a doçura, sensualidade e a força da mulher...


Rita Lee e  Zelia Ducan: um canto de liberdae, potência, sensualidade e vida , tendo por fundo e eentres a divina Pagu



"Mulher, bicho e deusa, flor e fogão... / Uma estrela mundana, uma reza mandigueira, /
na qual até os deuses, procuram a força da fé e, de joelhos, uma alma guerreira... "  Jorge Bichuettti



                                     mulher



                      "MULHER É PAIXÃO E COM-PAIXÃO..





                          UM UM FOGO NO CORPO E NA PANELA QUE COZINHA VIDA,.

                          PARA A VIDA RETEMPERADA PODER BRILHAR... E CANTAR." jorge


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