Jorge Bichuetti
Novo tempo. Os pássaros não possuem relógios , nem se guiam pelos sinos das Igrejas... Cantam, e sempre cantam... Seguem o que o seus corpos lhes dizem...
O calor deixa a Lua preguiçosa... Nem mesmo o cheiro do café lhe convenceu que o dia havia raiado... Temporalidade visceral. Nós nos atormentamos pelo o que os outros esperam de nós.
Somos livres? Podemos ser.. Contudo, a liberdade dá trabalho, exige esforço e luta, pede coragem e ousadia...
Ela não nos chega embrulhada com laços de um desejável presente.
Liberdade se conquista...
Não é, ela, uma correnteza que nos leva rápido a um remanso seguro... Se a desejamos nadamos contra a maré.
O mundo que vivemos não costuma aceitar e assimilar, facilmente, os que ousam viver com liberdade.
Estigmatizam; discriminam; inibem; rejeitam...
Se queremos a alegria dos voos livres pela imensidão, tecendo nossas decisões no tear dos nossos sonhos e desejos, necessitamos aprender a suportar frustrações.
O homem livre caminha, brinca, canta, ama, sonha, experimenta, sorri, pulsa, toca e é tocado, vibra, cria, desbrava novos horizontes e se permite encantar-se com a vida, nela descobrindo uma fonte de luz e paixão...
Todavia, ele é, comumente, alguém que os outros lhe negam apoio, é combatido, vigiado,negado... No seu caminho, montam-se incessantes barreiras e permanentes auditorias.
" Viver é perigoso"... Exige coragem, pede ousadia...
Não é difícil inventar ousadia e coragem, quando reconhecemos que se abrimos mão da nossa liberdade, come ela cedemos nossa vida e nossa alegria. Decretamos numa singela covardia a nossa morte civil.
Viver é lutar, guerrear por um caminho de paz e liberdade, alegria e poesia...
No sistema, cabe, malandros, corruptos e libertinos; não cabe, entretanto, homens livres.
E o hoje, o sistema nem necessita reprimir; quase sempre, isola e anula a liberdade com imposições sutis que vão nos corroendo e nos condicionando, somos capturados... seduzidos pelo canto da sereia e cedemos a liberdade por um papel secundário no mundo consumista e individualista, de vendedores e vencedores, onde se encontra ainda instalada a ditadura da vitória, da felicidade, da beleza e do corpo viril...
Qual o preço da nossa liberdade?
Que vida se abre e se descortina para os que voam livres, experienciando seus sonhos e desejos,, suas invenções e suas alegrias?
Frequentemente, abandonamos o barco da liberdade por uma senzala dourada de ilusões e, só tardiamente, vemos que era uma senzala de tédio, vazio, repetições desgastantes e demasiada solidão.
Já dizia Guimarães Rosa: " O correr da vida tudo embrulha. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."...
Coragem de viver... De viver na estrada nômade das experimentações e encantamentos da liberdade.
A morte é uma transação solitária...
Já a vida só se realiza com coragem e valentia, ousadia e liberdade..
Onde mora a liberdade?
Onde cantam os passarinham...
Onde florescem os girassóis...
Onde serpenteiam os riachos...
Onde se acendem as fogueiras da paixão...
Onde se desnuda as vaidades e se descortina um campo florido de singela simplicidade e iluminada solidariedade, de generosa compaixão...
Onde nossos sonhos e desejos se irradiam deslumbrantes, longes das grades da prisão...
A liberdade mora ali onde a vida se inventa e se renova, fértil e criativa, nas cantigas da alegria e nos silêncios de uma impertubável serenidade...
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13 comentários:
Escrevi um comentário tão lindo para esse post e ele se perdeu na hora de enviar. Prometo fazê-lo novamente. Beijos
Tânia, tua escrita é linda, tua generosidade, oceânica... És o anjo que anuncia a aurora. Amiga das artes, acabei de escrever sobre arte, porém, era muito material, e me dei mal, tentando abordar sem focar.
Abraços, com carinho e ternura, Jorge
Jorge, ontem postei em vários blogs meus. Gostaria de saber se tu já estás visualizando as minhas postagens internamente, pois passei a tarde de ontem trabalhando nisso, mas consegui reuni-los todos numa única conta, a do gmail. Confirma depois isso para mim. Beijos
Tânia, vejo indi visitá-la, está somente aparecendo os que você colocou seguidores, alguns não vi como se inscrever... A noite, vejo quais são umnova etica sempre aparece...
Abraços com imenso carinho, Jorge.
Jorge, estamos pensando bem parecido. Tinha escrito antes que "você é um anjo aqui na Terra, que veio para iluminar o coração das pessoas, solidarizando-se com os problemas da humanidade, esquecendo até mesmo que tem "umbigo". Pois bem, tentarei me lembrar do meu comentário anterior para tentar registrá-lo novamente.
Jorge, concordo plenamente com tudo o que escreveste, sabes lidar com a alteridade de uma forma simples e verdadeira, pois és um doador de vida, de carinho, de amizade, de amor. Isso não é "rasgação de seda", pois tudo fica (com)provado pela tua conduta, pelos teus registros escritos, pelos teus sonhos libertos em forma de poesia. Assino embaixo, tens muita razão naquilo que escreves, tal como foi dito neste post. Beijo grande!
No entanto, gostaria de fazer alguns questionamentos que eu os julgo pertinentes:
- o que é liberdade para quem caminha livre pelas ruas atrás de um pedaço de pão para saciar sua fome?
- o que é liberdade para quem precisa manter-se vivo, comendo a comida putrefata, cheia de larvas, retirada das lixeiras com as mãos?
- o que é liberdade para aquele pai de família que ganha um salário mínimo, ou menos do que isso, e precisa sustentar sua família?
- o que é liberdade para os analfabetos de letramento, políticos ou funcionais?
- o que é liberdade para quem não tem dinheiro para se locomover de ônibus até o centro de sua própria cidade?
- o que é liberdade para quem sai de sua casa e não sabe se voltará vivo para ela?
- o que é liberdade para professores e alunos que têm de cumprir um currículo imposto e alienante e que tem como finalidade primordial o seu esquadrinhamento numa estrutura que “prepara” apenas para o mundo do trabalho?
- o que é liberdade para aquele que morre na fila do SUS, esperando atendimento à altura de sua necessidade?
- o que é liberdade para um alcoolista, para um drogado, para um ladrão, para um desempregado?
- o que é liberdade para uma mãe que ficou órfã de seu filho, vítima de seqüestro, abuso sexual, assalto ou por algum motivo torpe?
- o que é liberdade para quem precisa de dinheiro para nascer, viver, sobreviver e morrer?
- o que é liberdade para quem tem dinheiro, mas está com a vida comprometida por doenças incuráveis: HIV, câncer, hepatite C, AVC, seqüelas de acidentes diversos ou transtornos psiquiátricos graves? E para quem tem algum desses problemas e ainda assim não tem dinheiro para assegurar uma melhor qualidade de vida tampouco sua medicação?
- o que é liberdade numa sociedade que ignora o idoso e o desrespeita só porque viveu mais tempo e não faz mais parte da força de trabalho ativa?
- o que é liberdade para quem se submete a uma estética fascista, para quem cultua deusas anoréxicas, bulímicas e deuses bombados?
- o que é liberdade para um trans ou homossexual, para um negro (ainda mais se este for do sexo feminino), para um desempregado, para um catador de papelão ou para aqueles que sobrevivem da busca aos lixões?
Bem, posso chegar a uma conclusão dizendo uma única frase: “Somos todos escravos do sistema, apenas fomos trocando de mãos durante o curso da História, desde e espero que não sempre”.
Beijo grande com muito carinho e ternura. Você é lindo!
Jorge
Este texto me tocou muito. Uma pessoa muito especial me disse certa vez que admirava minha defesa ferrênea da minha liberdade ao mesmo tempo em que eu dava espaço para a liberdade dele. Confesso que à época não havia me dado conta disso.
A tua pergunta: Qual o preço de nossa liberdade? me fez pensar aqui... Realmente, a liberdade é não negociável para mim, mas o X da questão é entender o que é ser livre. Isso é assunto para a beira da lareira com uma taça de vinho... rsrsrs
Coragem certamente faz parte disso tudo e o preço, as vezes, é alto, mas nunca alto demais para a paz que a liberdade traz. Ser livre é um ofício solitário...
beijos
Anne
Levo comigo a saúde que seus textos me traz. E fico em paz.
Abraços
Clara
Tânia, sua voz soa como se fosse a luz da vida que lutanos sentidos, sem te o direito de um amanhaaa....
hoeje, não cedo neem posso; vivo a luz do amanhã...Saireiu na folia; vesti8rrei a máscara
Tânia, sua voz soa como se fosse a luz da vida que lutanos sentidos, sem te o direito de um amanhaaa....
hoeje, não cedo neem posso; vivo a luz do amanhã...Saireiu na folia; vesti8rrei a máscara
Oh! amigos, voltei, após a teentativa de ser aléeeeem;
abraços.
Jorge
E és muito bem vindo. Te recebemos de braços abertos!
beijos
Anne
Amigos, ontem, não pude acompanhar tão de perto o blog que é algo que faço com amor, fomos gravar o samba-enredo do Caranaval da Inclusão. A militância é vida, porém, às vezes, desorganiza um pouco nossa vida com sua velocidade e intensidade própria...
Minha carinhosa desculpa num perdão sincero,
Abraços cim carinho e re-tomado do trabalho-prazer-vida, Beijos, Jorge
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