Jorge Bichuetti
Vivemos um momento de mudança nas práticas que antes se mantinham isoladas no forte seguro da própria especificidade.
O processo de construção de um país comprometido com a cidadania plena, com os direitos humanos e com a inclusão social, nos levam a repensar nossos conceitos e nossas ações.
A verticalidade do assistencialismo paternalista do funcionalismo positivista e a denúncia crítica do marxismo se revelam checadas pelas dores e problemas, necessidades e privações, feridas e limites que se aproximavam das políticas públicas de desenvolvimento social na voz e lágrima da sua demanda.
Somos um país com uma incalculável dívida social...
Somos um povo dilacerado por riscos e vulnerabilidades que transformam a vida social num verdadeiro calvário disseminado e errante...
Somos muitos os que carregam na carne viva as marcas da violação dos seus direitos e da sua cidadania negada...
Que fazer?...
Esta pergunta deve ser assimilada por todos que no contato com o povo, trabalham pela humanização da vida e pela plenificação da justiça, da dignidade humana e pela construção de um novo socius - solidário, generoso e não-violento, de direitos humanos e de liberdade.
Uma nova prática social vem sendo inventada...
E no questionamento desta caminhando quando transverlizamos as nossas experiências, descobrimos que já não é possível segmentarizar na lida do desenvolvimento de um povo de direitos e de cidadania, as práticas... práticas sociais que pede práticas juridícas que pede práticas clínicas que pede práticas pedagógicas que pede práticas de arte, cultura e esporte que pede práticas de economia solidária que pede práticas de produção de vida.
Não se desenvolve o social sem incorporar, na atenção à demanda, cuidado e acolhimento...
Há feridas que sangram, há vida martirizadas... mutiladas, de-formadas e asfixiadas.
Não se desenvolve o social sem reposição das carências crónicas, mas, também, o mesmo,necessita de ser re-vitalizado e re-inventado.
Há abismos e fissuras incrustadas no cotidiano da vida das nossas comunidades.
E não se desenvolve o social sem apoio permanente, proteção e preservação, corpo a corpo, dos direitos e da na nova lógica de vida cidadã e solidária, de paz e de alegria.
Há fantasmas vivos perpetuando a exclusão, a violência e a marginalização.
Não se desenvolve o social sem uma política de produção de novos dispositivos de afirmação da vida, livre e solidária.
Há cantos de sereia que ressoam no socius re-alimentando os mecanismos de servidão, apatia e morte.
Um novo mundo é possível...
Um novo mundo é necessário...
Façamo-lo. Hoje. Nós...
Olhemos para nosso trabalho com compromisso e engajamento: vínculo, encargo e corresponsabilização...
Miremos no horizonte o inédito viável, o sonho, a utopia...
Semeemos e cultivemos nossos valores éticos-políticos de direitos humanos e cidadania plena; de direito à diferença e a liberdade, solidariedade e ternura, compaixão e inclusão social, alegria e autonomia, vida pleno e novo porvir.
Não creiamos na palavra impossível; diante, dos espinhos e pedras, nas dificuldades, repitamos com o poeta: " somos muitos homens comuns, mas podemos formar uma muralha com nossos corpos de sonhos e margaridas.( F Gullar)...
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
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