sábado, 26 de fevereiro de 2011

CIDADANIA E SOLIDARIEDADE

                                                         Jorge Bichuetti

Nosso dia-a-dia corre e o vivenciamos com uma imersão alienante e alienada; nem sempre, percebemos qual a direção das nossas ações.
Nossa existência se dá num mundo marcado pela esperteza, pelo individualismo, pela competição e pela acumulação. Um mundo excludente. Um mundo de desigualdades. Um mundo de injustiça, discriminação, marginalização e segregação das diferenças e de sucateamento das vidas que não são vidas vitoriosas e possuidoras de riquezas.
Tudo que fazemos segue num rumo e, nem sempre, nomeamos com precisão quais são as diretrizes que usamos na tentativa da mudança, do cuidado e da inclusão social.
Antonio Lancetti, refletindo sobre o trabalho de Santos, um processo instituinte e cheio de vitalidade e alegria, diz que tinham como princípio ontológico a cidadania e como modus operandi a solidariedade...
Uma visão nova da vida e das intervenções do homem, buscando agir e intervir pela produção de um novo caminho de relações de inclusão, de direito à diferença e à diversidade e um trabalho que fosse uma caminhada de partilha.
Vemos, comumente, o outro como dor, lamento, fracasso, debilidade... Muda-se a perspectiva: o outro é um cidadão com direitos violados ou não conquistados.
 Direitos de ser e estar.. De ir e vir, circular... De se expressar.. De participar e autonomamente decidir sobre o seu destino... De democraticamente agir e intervir no socius, com direitos políticos... De morar, conviver, alegrar-se, trabalhar, alimentar-se, usufruir de cuidados de saúde, de proteção e reabilitação psicossocial... De acesso à educação e aos bens comunitários... E de direito à singularidade, à própria diferença...
Não mais uma doença ou um problema social codificado, um homem e uma história: uma vida com uma caminhada e a necessidade de reinventá-la na potencialização dos direitos humanos e dos direitos de vida singular e afirmativa.
Nossas ações sempre se pautaram pela verticalidade e pelo saber que depositava no outro um bem que se julgava ausente. O agir solidário é um novo caminho do cuidado e das intervenções de produção de vida. Transversaliza os envolvidos e os colocam numa caminhada aonde a solidariedade reinventa um existir, coletivista, afetuoso, de trocas e partilhas, de generosidade e ternura.
A solidariedade nasce do diálogo, da escuta, das trocas e da compreensão generosa de que a potência do amor se viabiliza na cooperação, na amizade e no compromisso com a superação de carências e debilidades que impedem a plenitude de uma vida.
Um novo modo de existir e con-viver...
Um modo generoso e terno de suavidade e amor...
Um agir comprometido com a cidadania e com a reinvenção da vida. Superando o individualismo e a competição, o paternalismo vertical e a lógica da vantagem, instala-se a potência da vida que se tece conectando solidariamente os homens numa rede de inclusão, partilha, trocas solidárias, singularidades afirmativas e liberdade, ética e estética...
Trabalha-se, assim, o novo e o criativo, rompendo com a exclusão e com o homem egoísta e egocênctrico... Nasce um trabalo e um jeito de viver onde o político e o saber se somam, imanentes, à lógica do que pode o amor e a liberdade na construção de novas vidas e de um outro mundo possível...

2 comentários:

Tânia Marques disse...

Jorge, o post foi escrito pelo meu filho, ele nem deixou corrigir nenhum erro de Português que possa ter, pois é uma narrativa espontânea que registra a sua subjetividade diante da dor da perda.
Beijos

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia, seu filho é um guerreiro terno e valente, com valores no coração preciosos... Um relato cheio de encantos literáriose uma alma pulsante de uma singularidade belíssima... . Meus abraços de força e esperança, a você e ele, Jorge