domingo, 11 de setembro de 2011

POESIA: AMOR E-TERNO; FLORESCÊNCIAS SINGELAS DA TERNURA

                            ALMA SUBURBANA
                                                 Jorge Bichuetti


Alma brejeira, entre lírios,
amacio com os meus pés
o lamaçal da rua, da rua
onde assento a minha vida,
como se ali fosse o limbo
das mi'as árduas penitências...


Caminho na noite escura e
o luar me alumia, dando-me
aconchego e guarida, porém,
é quando ecoa uma seresta,
que me encontro na alegria
de ser um entre a multidão...


Minha alma brejeira , sedenta
de carinhos e de fogueira é
uma viola encantada, versos
improvisados... na euforia
de viver asimplicidade  e ser
só o reflexo do luar... poesia


do subúrbio enternecido
na arte de sorrir e brincar...


            AMOR DE PASSARIN
                              Jorge Bichuetti


Voei... voo e não encontro
nos jardins da imensidão,
outra flor, bela e terna,
como a que tive aqui no chão;
quando os teus abraços,
aquecendo o meu peito,
me levava a sentir, nosso amor,
florido e encantado,
pela magia da flor
que pulsa no teu corpo,
corpo-flor... 
um útero do infinito amor...




                      ADEUS, JAMAIS...
                                  Jorge Bichuetti


Renovarei meu amor,
todos os dias,
por todos os caminhos...
Reinventarei nossa alegria:
na poesia da aurora,
no repouso cálido do anoitecer...
Amarei teu amor;
amarei o meu amor...
E tecerei com o nosso amor
a poesia da eternidade...
Todos dias, semearei novas flores,
escreverei novos versos, 
encantarei as canções...
Farei com as palavras, 
mesmos as tecidas 
na crueza dos desencontros,
se transformem... as colorirei
de amor e ternura; isso sim,
porém, adeus, jamais...


Eu jamais direi adeus;
pois não pode, não é justo
cindir a vida... retalhar o céu...





2 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Jorge. Aqui é Victor Melo, de Palmas. Fui a Uberaba, estive na Fundação, mas nos desencontramos. Espero que tenha recebido o material que deixei. Passo por aqui pra deixar um escrito que, se achar partinente, possa compor o seu blog. Abraço.

A FELICIDADE NÃO É ALEGRIA

A alegria é uma emoção que pode se transformar em poesia, mas com dificuldades. Não é regra dos escritores e de quem se por a escrever. Mas, a idéia que contornar essa emoção deve disciplinar bastante o ritmo, como nos diz Ricardo Reis mesmo. Nas palavras dele: "A idéia, ao servir-se da emoção para se exprimir em palavras, contorna e define essa emoção, e o ritmo, ou a rima, ou a estrofe são a projeção desse contorno, a afirmação da idéia através de uma emoção, que, se a idéia a não contornasse, se extravasaria e perderia a própria capacidade de expressão. (...) A poesia é superior à prosa porque exprime, não um grau superior de emoção, mas, por contra, um grau superior do domínio dela..."

A alegria é emoção que, para ser contornada por uma idéia, facilmente dissipa-se, no caminho até a escrita, em algo que se difere de alegria, o que não ocorre com tanta fluidez com outras emoções como a tristeza ou como o amor. Isso, definitvamente, não quer dizer que a tristeza e o amor sejam de mais fácil domínio que a alegria. Se se faço uma poesia que expressa a alegria, a alegria não perdura no meu peito como perdura essas outras emoções. Consigo diminuir ou aumentar a tristeza e o amor, no momento em que escrevo, mas, depois, em grau maior ou menor, essas emoções continuam, às vezes latentes, à espera de mais idéias que as possam contornar e que me leve novamente às palavras. Não sei se, disso, concluo que a alegria seja volátil; tão pouco a concluo como sólida e nem líquida, mas há de ser um desses estados, pois nenhum deles não creio que seja. Por essa substância da alegria em mim, raramente escrevo quando dela experimento; deixo-me senti-la como alegria mesmo, algo que está além da palavra, mas não a cima dela. Escrevo quando triste e quando amo, pois a idéia, quando contorna tais sentimentos, deságua tinta no papel, com ritmo próprio do próprio sentimento que serve à idéia, mas não deixa de ser ele mesmo. Quando vivo-os sem idéias que os contornem, extravasam-se e deixam de ser, como ocorre com a alegria quando estou a expressando na escrita.

Quando leio, depois, as expressões da tristeza e do amor, fico feliz, mas não alegre, pois felicidade não é alegria. A felicidade, em mim, também consegue se manter felicidade depois de expressa em palavras. Não sei se agora estou triste, feliz ou amando. Talvez sinta os três, ou dois deles, mas menos que dois não é. Alegre é certo que não estou. Mas estarei depois desse último ponto final.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Victor: lhe admiro com carinho; sua contribuição é luz e florada... lhe esperamos sempre com sua potência de fazer brilhar o humano. Meu carinho, jorge bichuetti