POESIA: CAMINHOS SOB O LUAR...

                      NO BECO, A ESFINGE...
                                  Jorge Bichuetti


Caminho pela noite, entre fantasmas
que se erguem no nublado dos sentidos,
já entorpecidos pelo ébrio delirar,
ressuscitando lembranças,
acordando saudades...


No beco da mi'a alma alucinada,
reflete na lama das sarjetas, a face
e a voz... da velha e enigmática esfinge...


Atordoado só escuto sua voz:
és o que sobrou das perdas 
que o tempo inclemente
surrupiou de tuas mãos,
agora, vazias? ... ou és
a espera... indefinda e interminável,
onde ficas, tentando recompor o perdido,
tecendo, ternamente, um novo dia
com a sucada molhada das lágrimas
que o vento não conseguiu secar?...


De mim, tudo desconheço... nada respondo,
sigo... eu e minhas lembranças, eu e minha vida:
- eu entre o canto da esfinge e o silêncio da saudade...

                                        MINHA DEUSA
                                    Jorge Bichuetti


Ela, a deusa 
das minhas noites insones,
escreve poesias, 
canta canções 
e me dá
carinhos maternais... 
aconchego de lar...


Ela, no céu brilha, 
clareando meus pés
cansados... 
da estrada 
onde semeio os
novos sonhos...  
que irão me despertar 
na aurora da vida 
enternecida de amor,
para que eu possa 
nos braços do luar
adormecer seguro, 
certo que o tempo 
da paz, agora, é
a chama pulsante
os floreios das aves
o remanso dos rios
o verdejar dos campos
a suavidade humana:
um tempo 
onde já não é preciso 
morrer de lutar...

                              LUINHA
                                   Jorge Bichuetti


Eu, escrevo versos;
ela é a própria poesia...
Eu, cultivo flores;
ela é... a mi'a primavera...


Eu, sonho e luto;
ela é a magia e o feitiço
que transforma a vida
com a leveza
com a pureza
com a beleza
da sua vida mimosa
de ser a alegria
no singelo brincar...