Luinha, carinhosa e terna, me acompanha... Pouco lhe importa as palavras; ela sabe ler o enigmático livro tatuado do meu olhar... Sente que nos meus olhos permanecem o brilho encantador dos pássaros voando livre no azul da imensidão... Era ontem, mas permanece hoje... O céu azul e u'a multidão de passarinhos... Mirando-os, me vi contagiado pela serenidade ativa do infinito...embora, houvesse nos meus olhos os ciscos da vida que nublam nossa capacidade de perceber a alegria da vida no esplendor da poesia viva , escrita na natureza, no silêncio das coisas...
Amanheci, com delírios... Vi na aurora a voz da vida...
A vida é o silêncio profundo da pele que escuta e fala no encantamento da alegria.
Na seresta matinal, os passarinhos cantavam... entre sinos celestiais e roncos urbanos.
Pensativo, olhei meu quintal... Verde, colorido... com cheiro de orvalho... O senti espelho retratando o que sou, mas que poderia ser se me entregasse, sem medo e sem avareza, a poesia que a vida compõe no encanto do belo e do ético... literatura e filosofia nos manuscritos da mãe natureza...
Há um saber, há sonhos... na vida silenciosa, porém, pulsante da mãe natureza, feita de coisas miúdas, onde germinam as larvas do devir e as trilhas silvestres do porvir...
O vento sibilou, narrativo...
Dele, ouvi a teimosia da vida que dia-a-dia tenta procriar-se vida de paz e alegria no coração dos caminhos...
Vivemos atolados nas ruminações do nosso próprio ego...
Não falamos nem escrevemos, embora vivamos tentando ser o centro do universo...
Hipervalorizamos nossas dores e problemas; somos cegos na percepção dos anseios e ânsia da vida...
O vento sopra... Arreja o ar e leva consigo as sementes da vida remoçada...
E nós, racionais e imediatistas, nada fazemos... Buscamos o nosso trono, os nossos triunfos... Nos esquecemos. por completo, que somos tão-somente uma peça nesta máquina inovadora e criativa chamada vida.
Quase sempre identificamos o sentido da nossa vida na interpretação dos nossos interesses e necessidades...
A vida ressoa e tece sentidos que atravessam o nosso caminho; ela ressoa e tece o sentido que nasce da vida que se plenifica nas floradas de alegria que vitalizam e impreganm de novos sentidos a vida de todos, a vida da própria humanidade...
Lamuriamos, queixamos de angústia e solidão...
Tristes e cinzentos, queremos tudo... omitindo-nos diante dos que padecem despossuídos, arratando-se entre o pouco e o nada...
Assim, vivemos... Egoístas e destrutivos... Ainda que temerosos do fim...
Nem percebemos que no clarão da manhã a vida nos incita a aniquilar a profecia do fim, permitindo-nos devir vida remoçada na arte de recomeçar...
2 comentários:
Que linda a sua escritura! Essa força interna é contagiante! Beijos
Tãnia, sua presença me inspira, pois cativa com caminho e sonhos que voam no horizonte das lutas cotidianas.. Lhe adoro, abs ternos, jorge
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