sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

BONS ENCONTROS: MONSENHOR JUVENAL ARDUINI, O MONSEHOR DOS DIREITOS HUMANOS

Juvenal Arduini, Monsenhor, militante da teologia da libertação, é filósofo e antopólogo, um heróico paladino das lutas sociais e dos direitos humanos, professor e escritor, é autor de diversas obras: Estradeiro, Homem-Libertação, Ousar, Horizontes de Esperança, Destinação Antropológica Marxismo, Ética e Tecido Social...
O conheci, assim, um amigo... Um companheiro de jornadas onde a vida se guiava pelos sonhos de libertação do nosso povo oprimido.
Estivemos juntos: na anistia, na reorganização das lutas estudantis, no trabalho de direitos humanos, e nas intervenções junto aos pobres  com suas lágrimas, lutas e sonhos na periferia de Uberaba... 
Recordo-o , junto de nós, a Comissão de Transporte Coletivo, proibida de entrar numa sessão da Câmara Munipal de Veradores de Uberaba, e ali, com a polícia armada, o cerco montado, ele nos abraça e juntos vamos ao plenário da municipalidade numa luta do povo....
Na reconstrução da Une, ele vigia e ora.... E os opressores temem a sua coragem e dignidade de um santo dado as dores e sonhos dos pobres e excluídos.
No Hospital São Domingos, era o acolhimento diário no leitos dos enfermos e no coração das famílias...
Era sempre, deste o início do seu apostolado, o amigo, o cúmplice, o defensor audaz e corajoso do nosso povo sofrido e dos que com o povo caminhavam...
Foi um amigo fiel na dura luta pela construção e manutenção do CAPS-Maria Boneca...
Já antes, quando era, eu, um menino, estava ele... Lutando pelas liberdades democráticas e dando proteção às vítimas da ditadura...
Ele´a personificação viva dos direitos humanos...
Um flor da liberdade e o sol da justiça social que alentam nosso povo e nossas vidas na caminhada de sonhos e e doces e meigas utopias...
Ele é paz dos justos e perseguidos...
Ele é o grito dos excluídos...
Ele é próprio horizonte de esperança...
Com ele, somos estradeiros...

 

AMICALIDADE
JUVENAL ARDUINI



A palavra bíblica nos diz que encontrar um amigo fiel é encontrar um tesouro. Por isso mesmo, amigo fiel não se encontra com facilidade, como acontece também com os verdadeiros tesouros. Não basta considerar-se amigo, importa ser amigo. Há grande diferença entre apresentar-se sob forma de amigo e ser verdadeiramente amigo. Aparentar amizade é uma cosa, e ser uma estrutura amical é outra coisa.
Apesar das frustrações, o mundo ainda não se cansou de procurar a amizade. E isso é um sinal de esperança. É que a amizade está situada na área dos valores transcendem coisas e objetos. É um mistério. Muito mais para ser vivido do que para ser analisado. No clima da amizade, o homem se reencontra e experimenta sua vocação humana. Fora da amizade, encoleriza-se. Chega a dissolver a própria vida.
Amizade implica confiança. Confiar é fiar no outro, é poder acreditar na pessoa. Confiar é depositar o coração na consciência do outro, é jogar a vida nas mãos de alguém. A confiança é um ato de fé na pessoa do amigo; A confiança dispensa cuidados , não precisa munir-se de cautelas. Quando há confiança não se escolhem palavras, não se calculam gestos, não se ensaiam atitudes. Conta-se com o acolhimento, sabe-se que uma porta está aberta. Não só a da casa. Sobretudo a do coração. A confiança nos ensina que a distância não é criada pela geografia, mas pela desconfiança. Só existe amizade se houver possibilidade de caminhar rumo á pessoa Confiar não é abusar da bondade do outro, mas esperar sua fidelidade a uma existência que não se reteve e quis abrir-se ao seu espírito.
Intimidade é outra exigência da amizade autêntica. Intimidade humana sob todos os aspectos. Intimidade é a circulação espontânea da interioridade. Nada há a esconder. Há o desnudamento da personalidade que se revela sem artifícios e se comunica sem subterfúgios. A intimidade não é uma descoberta indiscreta, mas uma comunicação fraterna. Não há cinismo nem pudor. Há sim experiência existencial que se patenteia , seja na alegria seja na angústia. A amizade cultiva a intimidade. Jamais traumatiza . Eis por que a amizade vive da intimidade.Morre,e no entanto, perante a curiosidade,espionagem,a fiscalização rude ou a "caridosa". O bisbilhoteiro não tem amigos . Tem vítimas ou bajuladores. A intimidade somente se abre na atmosfera da amizade. Jamais sob pressão, ameaças ou apelos farisaicos.
Na amizade , conta-se com a pessoa. Contar com o amigo não é contar com seu dinheiro, com seu prestígio , com seu serviço, com sua utilidade. Amizade não é investimento, não é crediário. Contar com alguém significa contar com sua compreensão. E contar com sua compreensão não é contar com sua aprovação indiscriminada.O amigo pode discordar de nós, pode não fazer o que fazemos. Ser amigo não é rubricar procedimentos.È ajudar a escrever vidas complexas e oscilantes.Contar com alguém é sentir que a pessoa tem a capacidade de entender nossa situação e de acompanhar nossos passos,de avaliar nossos acertos e desacertos, sem espantar-se. Contar com amigo é saber que não seremos abandonados somente porque somos o que somos. Contar com alguém é ver que a pessoa está do nosso lado,mesmo que não seja do nosso lado .Contar com o amigo é perceber que na pessoa, a capacidade de entender é maior do que a capacidade de rejeitar.
A amizade não é apenas um recanto agradável.É um momento forte da existência, em que a pessoa ainda tem a capacidade de sentir-se homem entre os homens, irmãos entre os irmãos.

(Livro,"O Estradeiro"- Juvenal Arduini ,


                                               Arduini

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