sábado, 19 de fevereiro de 2011

DIÁRIO DE BORDO: UM LÍRIO BRANCO BROTOU DE UM POÇO DE PETRÓLEO, UMA ROSA BERMELHA FLORESCEU NO CALOR DO DESERTO DE SAARA...

                                                          Jorge Bichuetti

De volta. Minha casa, minha rua... A rua e casa do meu povo... Minha vida... A vida dos meus sonhos...Fora as palavras que lhe interessam, por motivos de carinho e sobrevivência, minha pequena lua sabe algo de espanhol e que significa para o seu pai a palavra utopia.
Cheia de saudades, já me viu, hoje, emocionado com as recordações do que significam para a utopia de um novo país Henfil e Elis... Um novo Brasil: justiça e liberdade, direitos humanos e a florescência de uma eterna primavera, com suas flores, estrelas, no céu e no chão,  e  um novo modo de funcionar onde tudo seja pensado, sentido e feito pela afirmação da vida.
Ela, mimosa, brinca. Vê a partida dos passarinhos que voam livres , buscando o azul do infinito.Dizemos que somos obra inacabada, tarefas e construções e que somos nossas opções...
Se me perguntam como militante e pensador, humilde, mas, perseverante, direi sim...
Todavia, se perguntarem ao cuidador, psiquiatra e psicoterapeuta, diria, claramente , um sonoro e forte não...
Não me refiro aos determinismos;; trato de revelar o que o contato com a dor humana desnuda.
Podemos nos acomodar, cruzar os braços, nos acovardar, temos esta opção... contudo, suportaremos no corpo a nossa passividade e nossa decisão de funcionar reativamente, sem assumir o encargo de afirmar, lutar, criticar, inventar, construir, sonhar, guerrear... viver  por um novo mundo.
Mortificamos nosso corpo quanto o fazemos prisioneiro da desilusão, do fatalismo e do niilismo...
O sistema não nos incomoda, estamos , homestaticamente, adaptados...
Porém, como nos esclareceu Espinoza, todo mau encontro e toda paixão triste decompõe a potência de vida e, assim, o nosso próprio corpo.
Adoecemos... Lentamente...
Canguilhen já dizia que saúde e doença são modos de andar a vida...
Fibromialgia, pânico, depressão, arteriesclerose, enfartes, fobias, dores difusas.... Um universo de problemas se vinculam a uma relação com a vida onde decidimos pela passividade, por agir, somente, reativamente, de viver individualmente, olhando o outro como alguém que alheio ao nosso mundo, cujas lágrimas e dores são deles e não nos dizem nada.
Dominantes e subordinados, se constroem na tristeza dos maus encontros.
E acabam corpos danificados, estropiados, dilacerados por desvitalização e falta de potência.
Penso que minha pequena Lua na sua meninice, diria que ouviu um debate de teorias e citações filosóficas complexas que não há mais lugar no mundo para utopias e vanguardas...
Lhe diria, carinhoso, respeitando seu desejo de me ter, integralmente, que o negado é a vanguarda como direção e programa para o outro; porém, que o processo de invenção uns tomam a iniciativa e contagiam.. Vanguardas,não dirigentes... Mas pessoas que assumem a aud´cia da ação por entender que não-agir é consentir.
Lhe diria que a utopia agonizante é a de um realidade previamente definida e não o sonho da mudança, a adubação de valores éticos e de princípios...
Não vivo sem crer que outro mundo é possível e necessário...
somente, creio que ele será inventado na caminhada das lutas e partilhas, diálogos e trocas da própria vida , buscando-se afirmar contra o decreto assinado pela pós-modernidade, de que somos vivos para o consumo e o espetáculo, contudo, mortos civis...
Não estou dizendo ilusoriamente que a utopia nos priva dos adoecimentos, já afirmava Nietzsche que o grandioso da vida é que ela é um passar e um sucumbir...
Adoecer pelos reveses inerentes à nossa própria humanidade, não nos martiriza como adoecer na negação das potências de vida que pulsam e desejam caminhar e realizarem-se na epopeia da existência.
Ousemos, sonhar,
Ousemos, Lutar...
                                              ***
O mundo árabe está num processo de afirmação da vida, com o povo se rebelando e revelando que podem e desejam dirigir com autonomia seus próprios destinos. Ontem, uma seta-feira singular...Manifestações  eclodiram por todos cantos.
A vida pede passagem...
                                             ***
Pergunto, se vida pede passagem, porque este nosso compromisso nefasto com a morte?
Ressuscitemo-nos...
Façamo-la, nossa ressurreição, como protagonista dos sonhos pela alegria de viver e por uma vida de alegrias...
Não esperemos A morte nos avisar que o tempo passou...


AVISO: ESTAMOS RECEBENDO ATÉ O DIA VINTE E CINCO DE FEVEREIRO, OFERTAS DE AGENCIADORES QUE DESEJAM COOPERAR COM A UTOPIA DA CONSTRUÇÃO DA UNIVERSIDADE POPULAR JUVENAL ARDUINI, UBERABA, MG... DEPOIS, DIVULGAREMOS OS ESPAÇOS DE PRODUÇÃO COM AS INSCRIÇÕES PARA OS QUEREM CRESCER, PRODUZIR E SE REINVENTAR COMO TRABALHADOR, CIDADÃO E PESSOA DE AFIRMAÇÃO DA VIDA E DA ALEGRIA...
                                      A UNIVERSIDADE POPULAR É UM ESPAÇO PÚBLICO NÃO-ESTATAL.
                                      ELA PENSARÁ O NOVO E AS PRÁTICAS LIBERTÁRIAS DE INCLUSÃO
                                      SOCIAL...
                                                      PELA VIDA E PELA LIBERDADE...
                                                      PELA CIDADANIA E OS DIREITOS HUMANOS...
                                                      PELA POTÊNCIA DO AMOR E DA ALEGRIA...
                                    ELA É A FORÇA DA VIDA NA CAMINHADA..
                                                     CONTAMOS COM VOCÊ...

10 comentários:

Marta Rezende - aluna disse...

Jorge querido, conte comigo em tudo que vc precisar, quiser, desejar. Tô aqui. Vc sabe. Vivinha.
Jorge, escrevo pra te encontrar que encontrei um lírio Jorge, um lírio perfumado. Na verdade, Jorge encontreii um jardim inteiro: ciência nômade do D&G. Mil Platôs Vol 5. É um orgasmo pleno também. Isso tocou meu ponto G. (Gilles e Guattari). Demais, Jorge, tô em extâse com Lucrécio. Ufa!!!!!!!!!!! Encontrei o veio na rocha, Jorgito. Daqui pra frente, só minas e jardins de ciência nômade. Dá-lhe!!!!!!!!
beijo
marta

Anne M. Moor disse...

Outro texto forte e lindésimo! Obrigada for this one too.

beijos
Anne

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Oh! Marta, isso me alegra e pacifica, inclusive nas dúvidas que a vida me impõe... Agora, saber que posso contar contigo me alivia; e me alegra esta sua descoberta, quero saber qual foi o x da questão. Lembra da Porcelana: sempre digo, estes textos são meu e da Marta, pois ela que escavou no passado de Deleuze esta questão atual.
E, assim, vamos: deixa a vida me levar, vida leva eu... Com samba, alegria e sonhos.
E como já estou dionisicamente tomando uma bebidinha, digo para mim: com labuta, também...
Abraços de carinho e e ternura, Jorge

Marta Rezende - aluna disse...

Oi Jorge que vontade de tomar umas... Vou tomar também, mais tarde, umas cervas... beijo M Vc perguntou da questão . Não há questão. Há uma alegria enorme em Lucrécio. É lindo isso. O Michel Serres é um acontecimento na Terra!!!
bacio
M

Marta Rezende - aluna disse...

Quando eu tiver um namorado gostosinho Jorge, vou estudar menos. Tô aproveitando. Desimpedida e Desafogadamente Indepente. Quero um casamento sem marido e sem esposa. Vai rolar. Um. Talvez dois. Quem sabe mais. O que importa é le prochain. O único enquanto dura.
beijo
M

Marta Rezende - aluna disse...

Jorge, esse negócio de labuta não importa. Velocidade zero tb é velocidade. E acontece coisa no zero como acontece. A gente labuta o tempo todo. Até dormindo. Que seja uma lunden labuta. beijo

Tânia Marques disse...

Jorge, as veias revolucionárias pulsam, clamam um novo estado de coisas. Na caminhada, (re)inventamos e ressignificamos o mundo e nossas crenças. Por mais que eu acredite que as pessoas são capazes de mudar, até por experiência própria, creio que o foco da questão está no Estado. Temos de nos libertar dele, bani-lo, criar alternativas de vida cooperativa, libertárias, solidárias, pois enquanto nos submetermos a sua lógica, tentando fazer com que ele nos reconheça, que ele reconheça os diferentes, assinamos embaixo a sua existência como algo "natural". Eu não assinei o Contrato Social de Rousseau. Em nosso país, temos de lutar judicialmente até para fazer valer os nossos direitos já adquiridos em lei. Que país é este? Beijos

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Anne, um texto produzido ouvindo Elis, com lembranças de um tempo e dde uma vida.
Abraços com ternura e canções, Jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Marta, no é que dormi, me despertei com a noite e a Lua sem saber se deveria fingir que estava com sono ou brincar sozinha...
Preciso aprender a me sentir, sossegado na velocidade zero, pois os prazeres que me permito são, também, feitos na intensidade, com movimentos, ruídos e racíocínios...
A lentidão é uma veloz intensidade, que desterritoriliza com os flashs velozes do cotidiano.
Paz e sossego, vida e alegria...
Abraços, beijos, Jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia, temos que caminhar, lutando...
Lutamos, sonhamos... e vivemos no cotidiano presos aos instituídos que nos massacram. Daí recupero tres ideias que usei nos textos Clínica Insurgente e um sobre Fábricas Recuperadas: temos que nos rebelar, nos indignar, contestar, lutar; mas, para não morrer de exaustão, devemos e necessitamos de vivenciar a produçãoe criação de dispositivos ( Foucault), de contrainstituições ( Bauleo) e de ilhotas de libertas que funcionem como implantes socialistas ( Singer e Machado)....
Viver a resistência, porém, já desfrutando do novo.
Abraços com ternura, Jorge