quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

BONS ENCONTROS: SOBRE O CAPS - GUILHERME ELIAS

A cartografia é uma anotação de viagem...onde se pontuam os nós, dificuldades e as linhas de fuga...
Aqui, novamente, temos um cartógrafo sensível e sábio... Guilherme Elias: um jovem no tempo do Cronos, um mestre na sensibilidade e no amor ao cuidado que devemos realizar diante da dor dos que sofrem, por serem cavalos do devir...
Fala de sua experiência , junto à loucura no cuidado amoroso e inclusivo de um CAPS, Centro de Atenção Psicossocial, um serviço substitutivo ao hospício e um espaço de produção de relações amorosas, ternas e libertárias...
Escutemo-lo:


               Notas de um cartógrafo no CAPS .
                                            Terceiro lampejo.

 Liberdade e amizade: Dispositivos Terapêuticos.

 Quão a vida se estremece, com o diagnóstico terrestre;
crianças luas, que como cirandas, se fazem entre a terra e a luz;
de sofrido ao patológico, trancafia-se a diferença;
seja o colega Haldol, seja um estabilizador de humor social...
Loucos pela Diferença...
Loucos pela diversidade em atitudes imprevistas, e paixões inesgotáveis;
são atravessados por normas e condutas que asfixiam as potencialidades,
que reduzem a subjetividade
e que codificam o corpo e suas linhas de virtualidade em uma massa cinza de vida;
sempre pensamos na cultura do assistencialismo, e que os “doentes mentais” não têm autonomia, e liberdade para viver, pois vai que... ” tem um surto”...
Como que se nós(normóticos!?) não surtássemos o tempo todo com o papai e a mamãe e as vendas/rivalidade/competitividade ...
Pois é, somos também capturados, mas nossa “estrutura” criou couraças muitas vezes mecânicas para sobrevivermos aos enunciados capitalisticos da vida...
Às vezes, parecemos pássaros presos em nossos próprios conhecimentos “científicos”;
liberar, confiar, e respeitar a liberdade é o que tem me movido...
Pra lugares outros, e autênticos: D i F E r E n Ç a;
Que tem de ser respeitada em suas inovadoras máquinas desejantes;
tem de ser agenciadas a modos que produzam vida e não crises incorporadas pelo inconsciente coletivo da loucura/histeria/esquizofrenia/ e tantos ias...
Muitos me perguntam: Mais você não está muito próximo dos pacientes?E as relações de transferência?
Pois bem, acredito em outras Komposições, que se tecem em dispositivos como a amizade e a confiança...
Deixo as transferências de papai e mamãe e do terceiro excluído num plano secundário, e as considero apenas um ponto das linhas de produção de vida, as considero como um pingo em meio a um caldeirão de koisas flutuantes e apaixonantes...
Acredito, no corpo a corpo, do dia a dia, das micropolíticas, nas alianças, nas relações de horizontalidade e amizade, onde meu “saber” se multiplica com o dos coletivos em que atuo, por vias de afeto e amplitude.
Viva a experimentação...libere as camisas de força sociais e confie na potencialidade das subjetividades que ressoam D I F e R EnÇA, no olhar, no caminhar, no sonhar, no plantar, no agir, no pensar, no amar, no sentir...
Acredite...sinta o fluxo...não enquadre a D i FeRENÇA numa interpretação barata e universal...
Vibre...crie espaços...seja  espaços liso....produza encontros...lute pela vida...seja um agente da alegria...confie na vida potente e D I f E r ENtE!!!!!!
                                                                             Guilherme Elias 

 Este texto representa uma contruibição impar e criativa, para os processos libertários que são suportam a loucura, vida e sonhos num abismo de exclusão...

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