quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

VEREDAS DO AMOR: DO ESPELHO AO ESPETÁCULO...

                                                                       Jorge Bichuetti

Ressoa no ar as pulsações de uma canção: " eu quero a sorte de um amor tranquilo"...
Que amor buscamos, encontramos ou produzimos?...
Amor é ternura e partilha, diálogoee cumplicidade, doação e sensualidade, generosidade e com-paixão.
O amor é uma expressão viva e pulsante da sexualidade...
Vive no e do desejo. expresso numa relação erótica-sensual ou num incestimento libidinoso nos vínvulos amistosos da amizade.
Amamos... Somos amados...
Contudo, padecemos de dores e angústias, oriundas do amor; ele, que deveria ser a árvore da felicidade.
Amamos e não conseguimos, muitas vezes, no amor superar  as agruras ácidas da solidão...
No caminho amor-espelho, nos sentimos solitários e vazios; como, igualmente, assim,nos sentimos nos caminhos do amor-espetáculo.
No amor-espelho, o asfixiamos com identificações e projeções, dependências mútuas e complementares, narcisismos e onipotências...  Uma relação com outro espelhando nossas necessidades íntimas e com nossa vida, escravizada ao que o outro espera de nós... Um amor competitivo, simbiótico, de triangulações e vidas eemparelhadas e desconectadas do mundo e da inovação.
A sedução e os jogos do sexo andam mal; mas, guardam, ainda, a vida de intimidade.
A rua e a csas não são diluidas, há um público e um privado.
No amor-espetáculo, a vida ganha as arenas do palco. Move-se no ver e ser visto, e se consuma e se consumido no mercado.
É um amor-simulacro.Não se realiza na paixão e no gozo, nem na  vida compartilhada... se realiza no reluzir neónico das fotografias dos olhares que glorificam e nos corpos que se celebram sendo idolatrados.
Nele, não prevale o sexual: não exibicionismo, nem é vouyeirismo... Dá-se como puro prazer social...
Um caminho... Um caminho sintonizado com a soidão neoliberal.
Freud viu a amor e os desejos reprimidos por um ordenamento civilizatório.
Foucault desvelou a sexualidade conformando-se nas afirmativas de um discurso normativo, onde concentrado,hoje difuso...
Agora, outro perigo ronda os nossos corpos e as nossas vidas: a chamento para a simulação da vida-palco, do existir num e para o espetáculo.
No filme, Sem lençóis, vê-se que o sexo e o prazer, entre quadro paredes, desteritorializado, dos olhares e da vida cotidiana, explode, como potência e construção de prazer.
A casa é um sítio da intimidade, porém, muitas vezes, a neutralizamos e a realizamos, como mero equipamento das tarefas educativas e de reprodução da instituição família. Assumimos os paéis de pai-mãe-filhos-irmãos e não a utilizamos como um re-canto da nossa vida íntima...
A rua é o público, porém, um público da cidadania aviltada...
Se queremos a potência do amor, temos que alisar os espaços e reinventar o desejo na abundância criativa da ternura e da paixão.
Novos encontros, novas paisagens...
O amor, em si mesmo, se liberado das repressoes, dos condicionamentos afirmativos e das simulações, é encontro e paisagem...
Basta deixar fluir os desejos que se constroem e se inventam na potência de inconsciente que é pruo excesso e produção desejante e vivê-lo como um novo caminho...
Nem prisão domiciliar..
Nem a simulação para os olhares e câmaras que nos registtram...
Nem o descompromisso da vida sem vínculos do amor livre, porém, celibatário, ao longa de uma jornada...
Nem os afrodisíacos ilusórios da farmacópeia do mercado...
Um novo amor... Uma nova suavidade, uma solidão compartilhada...
Um caminho de prazer e alegria que se dá nos voos da paixão quando esta, liberta, já não se permite aprisionada, nem se perde nos abismos, pois, voa,  no céu, do amor sem fronteiras, amor que se frutifica, através, de uma vida, obra conjunta e partilhada como uma perene construção... uma constelação de flores e estrelas na magia do carinho e na poesia amor, simplesmente, amor.
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17 comentários:

Unknown disse...

Espetacular! Nossa, um homem pensando dessa forma e com toda essa sensibilidade à flor da pele, puxa, você não quer "casar" comigo? rsrsrsrsrs

Anne M. Moor disse...

Ahhh Jorge
"Ressoa no ar as pulsações de uma canção: " eu quero a sorte de um amor tranquilo"..."

Será que tem alguém que não queira?

Este trecho:
"Um novo amor... Uma nova suavidade, uma solidão compartilhada...
Um caminho de prazer e alegria que se dá nos voos da paixão quando esta, liberta, já não se permite aprisionada, nem se perde nos abismos, pois, voa, no céu, do amor sem fronteiras, amor que se frutifica, através, de uma vida, obra conjunta e partilhada como uma perene construção... uma constelação de flores e estrelas na magia do carinho e na poesia amor, simplesmente, amor."

Resume um amor como eu, pessoalmente, acho que deva ser... Estamos sempre aprendendo para que não seja "da boca pra fora" e que realmente possamos, na maturidade, construir algo assim...

bjos
Anne

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Vitali, sua proposta é tentadora, mas o procon podeme pegar por propaganda enganosa. Minhhas reflexões nascem da meu aprendizado, das minhas, dores, sonhos... E quívocos, desastres... E uma opção na vida de crer na força libertária da suavidade e doamor.
Abraços, Jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Anne, esta busca vale o cansaço da estrada e nos inspira a ir com o vento buscar no infinito um brilho e um encanto de alguma estrela generosa.
Se o desejo é construção, o amor é uma construção permanente, um jardim cultivado diariamente, entre os perfumes inebriantes ds flores e oos disaborres dos espinhos...
Abraços, com carinho, Jorge

Ventania da Noite disse...

Caro amigo,

Tocaste num assunto deveras complexo que são as várias faces do amor. Algumas delas são fonte de paz e plenitude enquanto outras são fontes de dependência e dor. O amor verdadeiro é capaz de nos surpreender quanto às reações que somos capazes de ter diante de situações inesperadas. Renunciamos, sofremos, choramos e calamos mas mesmo assim o amor permanece...

Um texto para refletir


Um forte abraço amigo!

Deus seja contigo

Tânia Marques disse...

Perdão Jorge, foi eu quem escreveu o primeiro comentário, agora é que me dei conta que o meu filho estava com a conta dele aberta, e o comentário apareceu no nome dele. Tomara que ele nem veja, pois é um adolescente um tanto complicado com as coisas da vida. Hoje ele iniciou uma terapia nova, a sistêmica. Inclusive, vou ter meu espaço junto ao psicoterapeuta ao acompanhá-lo. Voltando à ideia do casamento, realmente, acabamos divulgando sempre os nossos bons sentimentos o que não invalida, obviamente, os nossos defeitos, alguns inerentes ao homem, outros construídos socialmente. Mas, mesmo assim, mesmo imaginando todas as contradições humanas e o PROCON, o convite está de pé! hahahahahaha! rsrsrsrsrsrsrsrs!

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

QUERIDO WILSON, O AMOR TUDO PODE... NELE, NOS SUPERAMOS E NOS DESCOBRIMOS GENEROSOS E FRATERNOS. HÁ CAMINHOS QUE O DEFORMA...
SE ACOPLAMOS AMOR E EGOISMO DÁ AMOR-ESPELHO, SIMBIOSE;
SE O UNIMOS AO ORGULHO E VAIDADE CAIMOS NO AMOR-ESPETÁCULO...
JÁ SE O ASSOCIAMOS AO SOLIDÁRIO E AO TERNO, NA DOAÇÃO SEM COBRANÇAS,NASCE UMA NOVA SUAVIDADE...
UM AMOR ESTELAR...
ABRAÇOS, COM PAZ , ALEGRIA E BÔM ÂNIMO, NAS NOSSAS VIDAS,
JORGE

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

QUERIDA, EU TE ADORO, NOS CONHECEMOS ALGUNS MINUTOS ATRÁS, E JÁ PARECE UMA ETERNIDADE... SINTONIA E FLUXO DE PRODUÇÃO LIBERTÁRIA.
GOSTO DO TRABALHO DA SISTÊMICA..
QUERIA LHE PEDIR AUTORIZAÇÃO PARA POSTAR SEU POEMA DELEUZEANO, SE NÃO CONCORDA, DIGA...
QUANTO AO AMOR É O TEMA DA VIDA. VIDA-AMOR E VIDA-CAMINHO...
GASTAMOS LÁGRIMAS, RISOS, VINHOS E FLORES, NUM PROCESSO BELO DE TENTAR UM SERENO AMOR...
QUEREMOS MUITO A VIDA PLENIFICADA, TALVEZ, ESTEJA ELA NO SINGELO QUE PASSA E NÃO VEMOS: A CACHOEIRA, O CARINHO, AS ESTRELAS,MINHAS ROSAS E MINHA PEQUENA LUA, NAS VIDAS QUE NOS QUEREM...
TENDO A VER O AMOR E O AMAR, COMO, MINHAS VIAGENS ENTRE O ABISMO E O CÉU...
ESTAMOS CASADOS PELA POESIA, PELA FILOSOFIA E PELO CUIDADO COM A UTOPIA...
BEIJOS, JORGE

Tânia Marques disse...

Que lindo Jorge! Idealizazões à parte, tenho certeza de que nossa amizade será forever, justamente pela sintonia de que falavas ha pouco. Depois gostaria de saber um pouco mais sobre a sistêmica, pois ele, até então, só tinha feito a tradicional e depois a cognitivo-comportamental. Gostei demais do nosso primeiro encontro com o terapeuta. Claro Jorge, podes postar o texto que desejares em teu blog, estás permanentemente autorizado. Também, se me permitires, levarei alguns do teu blog para os meus, como forma de casar nossa arte. Abraços.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia, sou psicoterapeuta e trabalho com a inspiração clínica nascida na obra de Deleuze-Guattari, mas como levo a sério a ideia de caixa-de-ferramentos estudo um pouco aqui e acolá... A sistêmica pelo vínculo do Guattari com ela: dizia que não perdia um congresso.
Aborda os nos e pedras que inibem os fluxos de vida nos grupos, sistemas abertos.
Abordam , re-construindo os contextos dos vínculos , das narrativas, da vida...
Vale...
Vamos poetizando e reinventado nossos que fazeres... e nossos caminhos.
Fé na vida e na potência viva do amor...
abraços, Jorge
Ps: legal, a do seu poema. Valeu!

Anônimo disse...

e quando o amor é pautado pela antiprodução do desejo?

Explico-me: quando nos envolvemos com alguém que está numa linha de fuga que aboliu a si mesma - como por exemplo em um dependecia química/existencial de alguma substância.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Amigo, lhe proponho uma conversa, não é simples: um calvario partilhado.
Há co-dependência, sim...
Há, também , o que pode amor, e le pode sustentar, reerguer, vitalizar, proteger, cuidar..,
Não pode pelo cuidado deixar de ser amor-parceria e converter-se em amor-maternal, deserotiza a relação e infantiliza o que sofre na adicção.
Ternura e limite combinados operam libertações...
Rotteli diz que necessitamos ser mais sedutores que o mundo da droga.
Abraços, com carinho
Jorge

Anônimo disse...

Muito obrigado pelas palavras, Jorge.
Senti que algo em mim conectou com o que você disse. Como se eu já soubesse disso de alguma forma.

abraços

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Amigo, Espinosa dizia que sabemos coisas que não sabemos de onde veio; veio do que um corpo pode... experimentamos e desvendamos conhecimenos que nascem da vida, esta universidade errante.
O amor é uma obra do corpo que se encanta e se vincula, nesta, caminhada, o corpo descobre e se descobre...
Abraços com carinho, Jorge

Tânia Marques disse...

A sedução é a maneira mais forte, sutil,autêntica, misteriosa, verdadeira, encantadora de se valer para manter o outro em constante sintonia e desejoso de prazer pela vida.
Abraços.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia, e nos condicionamos a ver o amor persistente como amor garantido, morre a sedução; junto, vai-se o amor.
Abraços, Jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Derland, já fui lá no seu e gostei tanto que irei segui-lo.
Faço o blog como quem busca construir um caminho de sonhos e uma sociedade de amigos, partilhemos nossas caminhadas; destas trocas iremos devir uma nova suavidade de que o mundo tanto necessita;
Abraços com carinho e ternura... Jorge