sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

DIÁRIO DE BORDO: PODE SER A GOTA D'ÁGUA...

                                                                 Jorge Bichuetti

A Lua  já está aqui... A noite nem chegou... Por que escrever, novamente, com o coração?
Escuto a minha voz e não a reconheço... Teimo. Insisto. Persisto...
Estava num bar, alegre, entre uma e outra cerveja... Contei uma cena de um filme... a ditadura e sua repressão...
Antes que a cena fosse descrita, me perguntaram, com  um olhar enigmático: E Cuba?...
Com raiva, mágoa e irritação, pedi:
- contem os mortos;
- me diga quantas pessoas morrem no Brasol de fome, de violência e de exclusão;
- fale... quero os números...
O interlecutor disse: só desejava saber sua opinião...
Irritado, ainda, mas já ciente da situação, disse-lhe: nunca apoei qualquer violência ou opressão.. Porém, escute-me: fico puto, puto mesmo, quanto diante de uma dor que nos convocaria a mudança, o assunto muda: não é possível pensar o inédtido? o novo? uma nova maneira de se superar a exclusão e a opressão?...
Voz vem... voz vai... O rio corre...
O dito estava...
Não aprovo nenhuma violência aos direitos humanos...
.. porém , se me querem calar a voz, mudem a realidade...
Porquanto, este meu país, que eu amo, com constituição e eleição, mata mais... De fome, de violência domésttica, de estupro, de balas perdidas ou achadas, de homofobia, de doenças transmissíveis, de miséria e de corrupção...
Onde anda minha ternura?
Com Che...
Quanto Che saiu de Cuba , ele havia perdido uma disputa de ideias e afirmava que para não necessitar do controle da violência, o homem novo deveria ser produzido, agenciado ou inventado...
Sai e busca na luta internacionalista... novas forças, nova visão...
Cego, não sou...
Cuba resistiu a um isolamento, a uma perseguição implacável...
Erros há... erros houve...
Mas , por favor, me silenciem, revelando um Brasil sem fome, sem desnutrição, sem analfabetismo, sem violência urbana, sem caídos na sarjeta, sem lixo e poluição, sem tanta morte e exclusão...
Depois, conversaremos... Ou, melhor, aí, não haverá porque tanta agressão ao sonho e à utopia...
O sonho e a utopia os ameaçam, porque os que negam o socialismo, falam , como se não tivessem que dar explicação da miséria e das dores que corroem a vida num mundo de exploração...
Axé, Che... Amém, Zapatistas... Salve, as Mães da Praça de Maio...  Viva o povo brasilleiro, e viva a liberdade de dizer e de cantar: Por um mundo sem opressores e sem exploradores... Pela liberdade e a vida, nossa vida valerá...




BRASIL  MOSTRA SUA CARA... QUERO VER QUEM PAGA PRÁ GENTE SER , ASSIM...

AMIGOS, LUTEMOS  POR UM  NOVO BRASIL!...

10 comentários:

Anônimo disse...

Antes do advento do pensamento, da fala e das palavras, o Homem vivia os fatos. Sentia os fatos. A verdade.
Hoje com esse palavrório todo, os fatos foram pras picas. O que vale é o delírio: pouco conhecimento dos fatos e muito emocionalismo.
Isto é bem aproveitado por aqueles que lutam pelo poder político, que, como se sabe, querem é mais poder. Não se interessam em nada para melhorar a vida. A não ser a própria.
A única chance do povo é na democracia, onde pode haver um judiciário fundamentado com uma boa legislação.
A derrocada de regimes totalitários se deve á corrupção e a sanha de tolher a liberdade das pessoas naquilo que a pessoa tem de melhor: os instintos. Foi por isso que a poderosa URSS faliu. E ela não teve bloqueio.
Os dirigentes corruptos com a sua ideologia de tolher a alma humana, com a justificativa de que ela é anti social, fez com que o trabalhador soviético não pudesse sonhar e assim produzisse pouco, pois ninguém produz sendo mal recompensado. Sem prazer ninguém quer viver. É do instinto.
Assim a história do bloqueio americano a Cuba é outra esperteza dos dirigentes para manter conservado o status quo . São conservadores demais, os comunistas. E, o Homem, por instinto, não é conservador.
Abração, amigo

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Querido amigo, não luto pelo poder, nem uso das minhas ideias para viver ou sobriver; somente, as tenho, como afirmação de uma ética e de uma vida...
Não estou de acordo com sua reflexão, que me analisa como se os que refletem como eu, não fóssemos deste do stalinismo um pensamneto e uma ação de defesa radical da democracia socialista.
Estivemos, historicamente, com os surrealistas na construção de um manifesto que já dizia que o socialismo burocrático tendia a podridão,e que outra via de justiça social envolvia democracia, arte e sonhos...
A oposição de esquerda e os grupos que se organizaram na luta pela vida e pela liberdade, inclusive, no socialismo real, não parecem que sejam a mesma coisa.
Deixemos, então, de sentimentalismo, digo eu, e olhemos a historia e a história do pensamento e das lutas sociais com mais precisão.
Com carinho, e agradecido pelo diálogo, já que a maior agressão é o desprezo pelo outro...
Nós dialogamos, e nos comunicamos, já vamos construindo uma manifestação que é possível o diálogo e a conviência entre os diferentes, Abraços, Jorge

Anônimo disse...

Me desculpo amigo, por ter me expressado mal, mas jamais quis e nem quero atacar a sua pessoa . Meu interesse é debater e para isso venho com a minha visão dos fatos. Espero que isto traga alguma coisa útil.
Tenho admiração pelo seu empenho em defesa dos desvalidos e oprimidos.E, a isso me junto e me solidarizo, a meu modo, que é de aprofundar no estudo da natureza humana.
Me referi, no meus post, aos políticos, principalmente aqueles que engaram a todos. Por corrupção e por fechamentos de regimes.
Acompanho seu posts e sei que voce está na luta pela melhoria da vida das pessoas.
Mais uma vez me desculpe se expressei mal.
Agradeço desde já a compreenssão por esta falha minha.
Abraços

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Amigo, nunca percebi um agressividade sua comingo; e sempre me senti provacado a crescer e mudar, produtivamente, com nossas trocas... às vezes, sinto, meio magoado comigo, que nas postagens não situo a complexidade do meu pensamento e luta, que tem uma história...
Esta postagem fala de outra coisa, não dos nossos diálogos... Falam do ato de silenciarem um fato, uma lembrança, um ideal... com o desvio de tema... Daí, o desbafo.
Dialogamos, nunca fizemos isso... Nossas conversam me estimulam até a ver o que eu passei no escrito...
Já muitas vezes pensei, como? esta resposta pede que me desnude, meus sonhos e críticas e seus con-textos.
Sempre que chega um comentário seu, me alegro: pois, sei que vou crescer, ver melhor, aprender a não tematizar tema-chaves como panfletos...
Falava , hoje, de sentir-me de boca tapada por prévias e cristalizadas defesas no caso fora do assunto... Isso, não passa entre nós... Porisso aquele agradecimento no final do meu comentário: verdadeiro, me sinto com você chamado ao diálogo e ao encontro....isso é maravilhoso,
Com imensa ternura ,Jorge

Marta Rezende disse...

Jorge e amigo anônimo - que pra mim não é anônimo -, há um tempo venho encanada em compreender a questão da representação, da imagem, da figuração, da ilustração. Deleuze e Guattari foram fundo nisso, como vocês sabem. Mas, muitas devezes não deixaram claro como evitar o decalque. Nunca deixam de empreender, no entatnto, a luta contra o decalque, contra o clichê. Uma verdadeira e dura luta.
Eu achava que, para minha pesquisa do CsO, precisva estudar os textos mais diretamente de Deleuze e Guattari sobre o CsO (O Anti Édipo e Mil Platôs), além da tese de Deleuze, Diferença e Repetição. Evidentemente que eu deveria ler toda a obra, mas esses citados eu deveria de fato estudar com profundidade. Até que, resolvi ler Francis Bacon, a lógica da sens~ção. E aí vi o quanto esse livro é importante para entender e combater o clichê. Fica aí , portanto, minha promessa de explorar esse tema aqui no Utopia Ativa, aos poucos, devagarzinha E fica também a sugestão para o amigo anônimo ler o Francis Bacon do Deleuze.
Cuba. Não há atualmente no mundo, especialmente nas bocas que não observam como as vacas digerem (é preciso aprender a digerir com as vacas, já disse Zaratustra), clichê mais batido do que Cuba. O outro clichê poderoso : URSS.
Para essas bocas e estômagos empanturrados de clichês históricos do socialismo, digo: não vomite em cima de mim. Mais ou menos o que disse para o meu pai aos 16 anos que dizia que eu não podia experimentar uma vida diferente da dele porque a vida é dura, a vida é isso, a vida é aquilo. Tudo baseado na história... O passado nos condena. O clichê nos condena. Nos mata. Nos endurece. Nos emburrece.
Não há debate que valha a pena se eu abro a boca para experimentar e vem o outro e quer enfiar estopa na minha boca. Que gente chata essa que quer debater com base em clichês. O clichê não deixa a gente pensar, não deixa a gente sonhar, não deixa a gente sair, não deixa a gente amar, não deixa a gente escrever. Não deixa, a gente viver.
Xô clichê!!!! Varra seus clich~es. Maltrate seus clichês. Chute seus clichês. Vença seus clichês. Rasque toda essa fotografia da história que ronda sua cabeça.
A mentira, a podridão, a sacanagem dos clichês do socialismo.
Não é que a história não sirva para a gente se libertar. Ela tem lá suas potências libertárias também, se a gente botar a lupa nela. Mas que tenhamos como ponto de partida ao menos Braudel na historiografia e Foucault na teoria da história. Podem ser outros pontos de partida também, mas que ele nos permitam traçar linhas de devires. O passado não nos condena a viver de clichês.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Marta, me acolho na sua visão, e sinto que preciso trabalhar melhhor esta construção que tanto nos encanta para não ir criando contra-clichês cristalizados...
O diálogo do surrealismo e marxismo, via trotskista, na leitura de Michel Löwy, me parecce uma ponte para uma bricolagem inventiva de novos caminhos e sonhos, de um jeito de militar... criativo e desterritorializante... Não lhe parece que o grande problema foi pensar o CsO, e aí o corpo cheio se transportou com espaços para capturas que tanta desilusão e morte legou-nos... Um abraço, Jorge

José Caui disse...

Marta, muito esclarecedora a sua visão sobre os clichês que construímos e os que nos vendem, através de uma mídia golpista. Escolhemos a liberdade, os sonhos, devires, entrelaçarmo-nos, gerar potência de vida. Cuba continua a ser a azeitona da empada que fez mal após um litro de cachaça, pq sempre nos indignamos com certos regimes em detrimento de outros, como no caso do Egito, Arábia Saudita? Há muito me pergunto, pq ninguém quando cita Cuba, não se escandaliza com a prisão norte americana de Guantânamo na ilha? não vejo ninguém elogiar a primeira vacina terapêutica para cancêr de pulmão desenvolvida pelos cubanos, não vejo elogios aos 1200 médicos cubanos auxiliando os infortunados irmãos haitianos, que é o país com mais médicos presentes. E o programa saúde da família importado de Cuba, que é um sucesso, se respeitadas as proporções de atendimento. O Brasil é um país imenso não só em território e recursos naturais, mas também em solidariedade, e com problemas graves sociais que necessitam de engajamento com amor e dedicação de todos nós, me parece que se prefere criticar regimes do que abraçar causas em favor do coletivo, uma produção criativa, libertária, amorosa. Abraço a todos José Caui

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Cauí, novamente, você, me emociona, por traduzir com lucidez o que pens, dando uma resposta à angústia gerada pelos que não desejando ouvir esta ou aquela questão, este ou aquele chamamento de produção de vida, colocam o tema Cuba, como uma desculpa para o fascismo e para a acomodação...
Abraços, co carinho,
Jorge

Anônimo disse...

Existem dois tipos de discurso: um fundamentado no sentimentalismo. Naquilo que gostaríamos que fossem as coisas. Ele está mais para o ego do que para a realidade. É mais conhecido como delírio. Os portadores destes discursos não gostam do contraditório e os repelem com mais sentimentalismo.
Já os discursos fundamentados em fatos provados, são isentos de sentimentos, apenas mostram uma realidade palpável.
Antes do advento do pensamento, da fala e da palavra, o Homem vivia o fato, a verdade.
Hoje, com as palavras cria se "realidades' ao gosto de cada um. Isto é uma constação da realidade humana. Nada pessoal. cada um é o que fala e eu não tenho direito de censurar.
Espero que alguns aqui, mesmos com os ânimos exacerbados, entendam que procuro me situar no campo das idéias e não no campo pessoal.
Procuro contribuir com o debate trazendo fatos concretos para que despertem idéias no campo do estudo da natureza humana.
Abraço, jorgito

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Querido amigo, peço-lhe, carinhosamente, que perceba duas linas de reflexão onde o diálogo fomenta processos criativos:
1. O debate que você explicita, expondo suas ideias e argumentando...
Adoro e lhe falei, que minha única dor era da rapidez ou avidez minha na resposta, de não focalizar as difernças, as diversas linhas de ação e reflexão, neste campo; neste sentido, me sinto orgulhoso e rico com sua presença. Me alegra... gostaria de poder conversar mais tempo...
2. A postagem "pode ser a gota d'água, se refer à um outro tipo de desencomtro. É o corte de um fala, sobrecodificando-a e isolando-a, silenciando-a... e no caso, o usado foi Cuba. Não tem nada a ver com nossas produtivas trocas de ideias e provocações excitantes para se derivar novos caminhos onde a história esteve ou está emparedada,capturada,confusa...
Continuemos nossos diálos, e esqueça aquela postagem... Não a nego, porém está feia, cheia de ressentimento, mágoa, e repitições... trouxe para blog um problema de lá fora...
Eu é que peço perdão, se passou por você que se tratava de nossas conversações, foi algo grave e improdutivo...
Abraços, com carinho, desejnado que possamos realizar vários debates, produzindo vida, liberdade e conexões entre diversidade.
Abraços com ternura,
Jorge