LINHAS DE FUGA: ALEGRIA, RESISTÊNCIA E PRODUÇÃO DE VIDA

                                                                   Jorge Bichuetti

Submergimos numa vida de repetição, apatia e desesperança...
Vivenciamos, exageradamente, um modo de amar e desejar que não retrata nossa potência de vida, o que pode um corpo...
Escravizzamo-nos à falta...
E, assim, a própria infelicidade e angústia.
Somos mais...
Nosso inconsciente não é só um teatro que reproduz o roteiro inscrito no nosso psiquismo, através das vivências amorosa e desamores da nossa infância.
Desejo é construção, produção desejante, inventiva e inovadora, que prolifera no inconsciente, incessantemente.
Nosso inconsciente produtivo, rizomático e maquínico: pulsa e produz n desejos e n sonhos....
Contudo, a organização da vida, interna e do socius, está preparada e armada para conter, anular, amortecer, mortificar, capturar e matar toda esta produção desejante que é singularizante e multiplicitária, inovadora e revolucionária...
Há malha de registos e controles que nos vigiam...
Então, o modo como o desejo produtivo possui de se realizar ( consumação), é o de escapulir, driblar, contornar e se camuflar para que não seja destruído.
Esta produção é que foi denominado linhas de fuga...
Um jeito de se alegrar...
Um jeito se resistir..
Um jeito de se produzir vida nova, devires e acontecimentos, planos de consumação da diferença...
As linhas de fuga são planos de consistência para a consumação da produção desejante, arquitetadas para sobreviverem aos ataques da repressão institucionalizada na sociedade e no nosso própria psiquismo,na nossa subjetividade.
Busquemos via linhas de fuga aumentar nossa capacidade de viver, ativamente, como produtores de alegria, resistência e vida.
Alegria, e não só prazer... Momentâneo e fugaz...
Resistência, e não só resiliência... Recomposição da vida normartizada e autolimitada...
Produção de vida, e não só de mercadorias e mercados, coletivos servis e corpos mortificados... Instrumentos da manutenção da vida como menos vida e da vida como morte civil...
Linhas de fuga: caminhos do novo que ousa se materializar nos experimentos vitais, longe da antiprodução , do buraco negro, dos controles repressivos e das imposições microfascistas.
Linhas de fuga: linhas da revolução molecular... Um canto de amor e alegria, um encanto de paz e de solidariedade... Uma bela rebeldia... Um pedaço do céu, aqui e agora, nos entreveros da existência e nas encruzilhadas do real... Uma realteridade...  vida nova, o diferente nas linhas do nosso horizonte e no chão estrelado da nossa vida-andarilha de amar e sonhar...