sábado, 5 de março de 2011

AMOR E SEXO: AS ENCRUZILHADAS DO DESEJO

                                                                            Jorge Bichuetti

Temos dialogado sobre o amor... O desejo que se constrói e o prazer que se expande , para além dos limites da sexualidade genitalizada.
Amor é doação, partilha, ternura, cumplicidade, sensualidade, diálogo, prazer e comunhão...
Nunca totaliza.... é processo, caminhada... uma obra em construção.
Antes já conversamos sobre  as dores do momopólio da dependência, a simbiose, as projeções e idealizações e o esvaziamento da vida que se vê focada num único objeto.
Reflito, agora, já admitindo que desejamos um conjunto sobre algumas linhas deste conjunto que acabam por hegemonizar um encontro ou uma relação, retirando-lhes a potência e a alegria de se ver inventado na singularidade e multiplicidade da vida emergente no entre do amor.
Usaremos amor e sexo como uma conjugação que se dá nos diversos níveis e combinações...
Há um encontro amoroso que se poderia denominá-lo de amor eroticocêntrico... Um encontro de corpos que se atraem e se desejam, porém, um encontro que se concentra e se limita a sexualidade e a sensualidade...  Voraz e fugaz...Amor na solidão; amor de solidão; amor para a solidão...
Há um outro encontro: o amor-paixão. Intenso, vitalizante, cheio de energia e vida; porém, que se dá na fogueira, chama... Calor e tesão; união ideal e idealizada, voracidade de corpo e alma, um afã de uma eterna união.
Amor permeado de medos: medo do adeus, meda da perda, medo do abandono...
A paixão é uma alta intensidade, um voo, um mergulho na profundidade da relação.
Deixa-nos inseguros, ávidos e súditos da ideia de um perfeita e inabalável fusão...
Há , ainda outro: o amor-amizade: este já feito de cumplicidade, sintonia, diálogo, escuta e trocas, partilha e compreensão... Multiplica-se, pois, não é excludente nem exclusivista. é companhia, é inter-ação...Intenso e sereno, pássaro no céu e uma flor no chão...Suporta a distância, usufrui da presença... Não é uma prisão... Uma nova suavidade, um sonho de com-paixão...
                                                             ***
Que fazer? O que viver? todo amor vale a experiência, seus risos e suas lágrimas; seu canto e sua poesia...
contudo, poderíamos, aqui, dizer: o amor que combine todos os amores é um amor para o qual não se diz não... Enriquece, enlouquece... Frutifica e semeia no novo dia um desejo de viver sempre esta louca e intensa alegria...

                             

15 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns por sua postagem, admiro pessoas que, com discernimento, descreve relacionamentos que, na prática, pode representar mais uma prova de renúncias a todos aqueles defeitos próprios do ser humano, tal como vaidade, egoísmo e mediocridades que, ao longo da vida, se apresentam em formas de lições e nestas mesmas circunstâncias relacionadas ao amor. Ainda assim, sempre vale a pena reconhecer que, nem sempre somos expulsos. Os defeitos nos tornam cegos e nos fazem vítimas de nós mesmos. O maior inimigo de uma relação amorosa é o nosso próprio "Eu". Conter nossos próprios defeitos pode ser ainda mais perigoso que circunstâncias exteriores a uma relação... traições, ciúmes, etc. Sim porque o sexo não faz parte obrigatória em uma relação, não é o salvador de uma relação. Quem salva uma relação somos nós a nos salvar em primeiro lugar. O sexo, por exemplo, deverá estar presente como fator delimitador de uma boa convivência, saudável e sempre vista como meio para uma vida amorosa sadia. Um complemento que deve apenas trazer tranquilidade e relaxamento. Por outro lado, é visto como poder e forma de dominação. Muitas ilusões a cerca dessa questão. A verdade é uma só, o sexo é meio onde o amor é sempre o início e o finito até que dure é claro. (rsrsrs). Cumprimentos de LuGoyaz.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

lUgOYAZ, PENSO COMO VOCÊ... o DESEJO É MUITO MAIOR QUE SEXO... é PRODUÇÃO DE VIDA E VIDA ALEGRE; NÓS QUE SOMOS CONDICIONADOS A VIVER O ORGASMO COMO CUME...
A VIDA PEDE MAIS... HÁ SOLIDÃO; VIDA-ARTE, UMA MULTIPLICIDADE DE PRAZERES QUE O HOMEM NEGA OU DESCONHECE...
ABRAÇOS COM TERNURA, JORGE

Anônimo disse...

Para mim, nada é. Prefiro o pode ser....ou não.
Existem mais coisas entre o céu e a terra do que imagina a nossa vâ filosofia.
Obrigado
Carla

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Sim, talvez... são escolhas: as minhas eu faço com a conjugação de desejoe partilha, companhia e prazer.
abraços, Jorge

Anne M. Moor disse...

Jorge

As minhas escolhas intrelaçam o desejo, a partilha, a companhia, o prazer e a cumplicidade, "kit" que nos faz feliz e, melhor, traz uma sensação de bem estar ímpar. E aprendi que estar junto é tudo isso e não necessariamente estar colado...

beijos
Anne

Anne M. Moor disse...

E amar com o coração aberto SEM deixar os medos metidos a atrapalhar esse amar. Amar é o gas que nos sustenta.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Anne, leio na sua poesia um amor intenso, visceral, feito de cumplicidade e ternura.
Gás e asas; ombro e abraço.... Lua e flores: um amor de calor e partilha. Abraços minha querida amiga, com todo o meu coração... Jorge

Anônimo disse...

AMOR E PAIXÃO O SONHO DOS DEUSES

DE

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Sim, um sonho dos deusese uma realização dos homens... Basta buscarmos os bons encontros: amor partilhado e de alegria,
abraços, Jorge

Tânia Marques disse...

Tinha deixado um comentário para este post. Onde está? Beijos em teu coração.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia, já irei ver; me parece que você o colocou na outra postagem... o encontro. Penso que nas poesias, senão está qui, eu acho; abraços, jorge, com imenso carinho.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia, vasculhei nos emails, não chegou... eu tinha a impressão de tê-lo comentado.Delirei?
Se possível gostaria muito da sua opinão.
abraços com carinho, Jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia, vasculhei nos emails, não chegou... eu tinha a impressão de tê-lo comentado.Delirei?
Se possível gostaria muito da sua opinão.
abraços com carinho, Jorge

Camila Bahia Leite disse...

Jorge,
A cada dia percebo e aprendo que o mais importante é VIVER...sentir, e transformar isso em vida...que amor ´construção, repleto de entres que vão se afinando e nos refazendo por ser troca perene...

Você diz: "Amor é doação, partilha, ternura, cumplicidade, sensualidade, diálogo, prazer e comunhão...
Nunca totaliza.... é processo, caminhada... uma obra em construção."
E aqui, Clarice fala nossa imprudência em querer definir tudo...
"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos." Clarice Lispector
Prosigamos... apendendo com a vida e com o que nos permitimos viver...
Bj...

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Camila, sua presença me alegra e encanta, e você me traz Clarisse , cheia de paixão e poesia; vivamos nossos caminhos sempre enluarados de sonhos; abraços, Jorge