Jorge Bichuetti
Silêncio... O sono de Lua é impercetível... O orvalho cai, mansamente, roça a pele, mas, não diz uma palavra.
Há vozes, contudo, que falam no silêncio...
Normalmente, explodimos ruídos insuportáveis, para não suportar as vozes do silêncio.
Muitas vezes, vociiferamos para não dizer nada.
Outras, ligamos a TV, o som e conversamos... Fugimos o tempo todo do que nos dizem as vozes do silêncio.
Seguimos este ou aquele líder, para não pensar...
Doutras vezes, chamamos os amigos e os levamos num bar com um sufiente barulho para que fora esteja o encontro com a intimidade da exposição e revelação do que somos, pensamos, desejamos, tememos, sonhamos... dos nossos projetos e das nossas frustrações...
Necessitamos nos encontrar...
Não parece prudente, esperar a velhice e ver na alquimia da agonia por onde e que vivemos...
Aqui, estou.... dialogando com o silêncio.
Dói a sua sinceridade, porém, é libertadora.
Escuto o silêncio e me vejo envergonhado com a ousadia e sinceridade de suas perguntas:
- Quantos vinténs vale a sua vida?
Respondo, rapidamente, que sou simples e que não custo caro...
O silêncio ri, e acrescenta:
- Não, sei o quanto gasta, o que sei , é sua partida empobreceria o mundo...
Continua:
- Quantos ( fora as carpideiras de aluguel) chorarão a sua partida?
- Quantos se sentirão solitários e carentes da sua companhia?
- Quantos se verão tristes pela ausência da sua amizade, da sua generosidade, da sua alegria, da sua simpatia, da sua solidariedade, da sua compaixão e da sua misericórdia?
- Quantos, de verdade, padecerão, lamentando,no concreto, a sua ausência?
Com tal tiroteio, me vi acuado.
Afinal, sobrevivo como psicoterapeuta e as aulas que dou são, basicamente, sobre individualismo burguês, subjeividade capitalística, narcisismo, a produção de sentido nos encontros...
Calei-me... Embora, estivesse só pensando.
A lista não terminaria...
Revi meus livros e me senti devedor...
No marxismo, reluz o conceito de praxis: teoria e prática num movimenot diáletico interminável... E prática não é, tão-somente, miltância. Prática é vida, existência transmutada pela consciência que busca nas ideias e nos ideais inspiração para o próprio existir.
Na esquizoanálise - o projeto não é uma cantoria que faz do desejo pessoal um estribilho repetido a cada pensamento. A subjeividade livre se dá na construção de um novo paradigma ético e estético: um modo de andar a vida.
Não sou deus... aceito minha humanidade...
Na janela há um céu estrelado.
Deixo o silêncio... acolho os primeiros barulhos do amanhcer...
Contudo, não desejo engavetar as vozes do silêncio...
Uma nova guerra se inicia: irei me enfrentar... Duramente, diuturnamente...
Minha utopia? verem abraçadas, numa única direção, minhas ideias e ideais , cheios de brilho e alor, com os meus pasos na caminhada de cada dia...
Libertação? a quero e a buscarei...
Todavia, não olvidarei que a maior dificuldade da revolução, não são os canhões, é a nossa displicência e omissão... Nossa delirante ilusão...
A luta é dentro e fora...
O verdadeiro sonhar muda o viver;
e o amor de verade transforma o con-viver...
domingo, 13 de fevereiro de 2011
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3 comentários:
Jorge, bom dia!
Estou com os olhos cheios de lágrimas de tanto que me tocou este teu texto e da crença de que "as coisas acontecem quando tem de acontecer".
Aprender a ouvir os silêncios, quaisquer que sejam, é um exercício de humildade e sua prática tão difícil...
Belíssimo texto e tua humildade em escrevê-la no sufoco do silêncio é um presente para nós.
beijos
Anne
Anne, sempre que fazemos algo que tem algo de ousado, estamos... num entre: entre uma lágrima e a compreensão... entre o desejo de partir e a ânsia de reconciliar... As crises são épocas de com cuidado verificar nossa vidas e seguir... Na estrada.. sem perder o rumo da linha do horizonte onde andamos semeando uma aurora...
Abraços, com carinho,
Jorge Bichuetti
Anne, sempre que fazemos algo que tem algo de ousado, estamos... num entre: entre uma lágrima e a compreensão... entre o desejo de partir e a ânsia de reconciliar... As crises são épocas de com cuidado verificar nossa vidas e seguir... Na estrada.. sem perder o rumo da linha do horizonte onde andamos semeando uma aurora...
Abraços, com carinho,
Jorge Bichuetti
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