quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A MORTE DO EGO

                                                      Jorge Bichuetti

A morte do ego parece uma vã loucura para o mundo dos nossos dias...
De fato, um mundo individualista, egocêntrico, competitivo, narcisista e excludente, se centra no poder e na dominação do ego.
Então, nada mais natural do que se penar em reforço egóico, estabilização do ego e domínio do ego como negociador entre o socius introjetado( superego) e as pulsões desejantes (id).
Há uma idolatria do ego...
O ego, todavia, tem esta funcionalidade privilegiada na subjetividade capitalista e edípica...
Não é voz da natureza...
Nem sempre e nem todos pensam , assim...
Jesus afirmava: negue-se a si mesmo...
Segundo o estudo de rosa de Luxemburgo sobre o cristianismo primitivo, neste momento, não se pensava norteado pelo paradigma do martírio, culpa e ressentimento...
A negação era expansão via solidariedade, amor, compaixão, fraternidade e partilha...
No Bhagavad Gita, é inegável a centralidade da morte do ego...O ego é o limitante do cósmico... O ego finito é um empecilho à paz... e da sabedoria.
Muitos crêem que Nietzsche, era um individualista contumaz... Suas ideias de vontade de potência, posição de desejo, o super-homem e o eterno retorno; não me parecem justas pensadas fora do contexto que ele trabalhava: de valorização da impermanência, de nítido apreço à diferença , ao acontecimento e ao devir... Inclusive, vendo que sempre já retornava com uma diferença, e não na mesmice.
No estudo sobre crise, ele pensava no homem acorrentado, libertando-se, através da sua própria reinvenção.
O ego, para a esquizoanálise, é uma pedra no caminho... Um obstáculo para a produção desejante,para as linhas de fuga e ara o devir... Para a potência da diferença... e para a própria individuação...
Assim, percebemos, nas doenças mentais, não uma falência do ego, mas um fracasso e uma agonia do modelo de funcionamento baseado na identidade, na estabilidade permanência, enfim, no modelo egóico.
Para que a morte do ego? qual o seu sentido?
Para um afirmação da vida... Da vida singularizante e de multiplicidades... De impermanência e produção do novo... da mudança... do homem que experimenta e vivendo-se, ramifica, transmuta, metamorfoseia...
Um novo jeito de viver... Onde o homem não é... ele se inventa e se reinventa na própria caminhada.
Um novo jeito de vier: o fim do individualismo... O território da individuação.
Um homem novo: amoroso, solidário, generoso, terno e suave...
Um homem do devir...
Um homem aberto e corporificado no por-vir...

11 comentários:

Evanir disse...

Olá li muito no seu blog e vi os bélissimos poemas aqui postados.
Gostaria de voltar maid vezes aqui.
Pois suas postegens é escritas com a Alma.
beijos,Evanir.
www.fonte-amor.zip.net


http://aviagem1.blogspot.com/

Anônimo disse...

Sei não Jorgito, mas a falsa moral das religiões e ideologias sempre combatem o melhor do Homem, seus instintos, e Nietzsche centrou seu trabalho nisto.
Vc sabe que o Homem tem milhões de anos e não vai ser seu semelhante que vai mudar isso.
Messianismo , na prática, só deu maus resultados: devir, porvir, utopias, etc : essas coisas que que incluem os outros em sistemas ou receitas, criadas por um humano para seu semelhante. O pior é que esse semelhante não pediu nada. Eu mesmo não quero ser incluído em utopia de ninguém.Sei muito bem o que isso já provocou no século passado.
A maioria das pessoas, mais de 90% ou até mais, são generosas , bondosas, sonhadoras, conquistadoras, etc, em seus instintos. Isto é a alma humana.
Ou voce vai com Nietzsche ou vai com ideologias e religiões e suas falsas moral.
Qual vc escolhe?

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Evanir, que legal seu carinho e atenção... Visitarei o seu blog, agora mesmo...
Vamos construindo uma rede de poesias e encantamentos... Uma fonte de vida e alegria, diluindo as cinzas nuvens da slolidão...
Abraçs Jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Querido amigo, me parece que não consigo clarear meus pensaments, são confusos mesmos... Porém, a ideia deleuzeana e guattariana é todo o avesso d que você sente lendo-me...
Uma quebra das estruturas e sistemas e invenão heterodoxa, através de roubos, são instiuintes e revolucionários, sim, mas, fora do moralismo e das seitas...
Já a leitura deles de Nietzsche...
como a de foucault, é uma ; nunca a pretenderam a verdadeira...
Ousam, acenam e acendem o fogo da produção desejante... Da singularidade e do acontecimento...
Mee encanta, porém, já não sinto quadriculado por um só pensamento... Componho... ecleticamente... um pensar e viver...
E, deste modo, sigo, andarillho...
abraços com carinho, Jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Querido amigo, me parece que não consigo clarear meus pensaments, são confusos mesmos... Porém, a ideia deleuzeana e guattariana é todo o avesso d que você sente lendo-me...
Uma quebra das estruturas e sistemas e invenão heterodoxa, através de roubos, são instiuintes e revolucionários, sim, mas, fora do moralismo e das seitas...
Já a leitura deles de Nietzsche...
como a de foucault, é uma ; nunca a pretenderam a verdadeira...
Ousam, acenam e acendem o fogo da produção desejante... Da singularidade e do acontecimento...
Mee encanta, porém, já não sinto quadriculado por um só pensamento... Componho... ecleticamente... um pensar e viver...
E, deste modo, sigo, andarillho...
abraços com carinho, Jorge

Anne M. Moor disse...

Jorge

Tanto pra dizer sobre este teu texto... Mas vou ficar com:
"Um novo jeito de viver... Onde o homem não é... ele se inventa e se reinventa na própria caminhada."

Que é tbm um novo jeito de ser, de ensinar, de aprender e como isso é difícil das pessoas entenderem!!!!

Trabalho como professora pesquisadora/formadora na EaD que, necessariamente, precisa trabalhar em grupos colaborativos de ensino, uma vez que temos 17 ou mais polos e em torno de mil alunos, para manter a coerência e unicidade do ensino e da avaliação.

O nosso grupo tem 3 professores pesquisadores e 8 professores tutores e desenvolver um trabalho colaborativo e reinventar o ensino é algo que eles acham difícil de enxergar!! Desafios :-)

Beijos e vou ficar mastigando este teu texto. :-)
Anne

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Anne, não consigo ver saída para as construções coletivas , se não rasgarmos um pouco dos egos que atrofiam o devir coletivo, as escutas e as trocas, a vida como invenção...
Tenho trabalhado com coletivos , também... ora, voamos; ora nos atropelamos no chão. sempre um desafio; deixar os és e indroduzir es... Ramificações potentes e ternas.
Um grande abraços, Jorge

Anne M. Moor disse...

Jorge
As vezes tenho vontade de jogar tudo pro alto e vender sanduiche na praia!!!

bjos
Anne

Anônimo disse...

Jorgito, concordo em muito com vc quanto á questão do ego. É uma questão que vem desde Buda há 2500 anos.
Como vivemos em sociedade, devemos observar o nosso ego para que ele não nos prejudique ou a terceiros.
O Homem não é conservador e muda dia a dia. Se não fosse , não teria inventado a roda.
Assim, como a maioria das pessoas são boas, eu acredito que a melhoria do ego se faça naturalmente, sem saltos, todos os dias.
Abraços

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Anne, meu grande sonho que minha mãe, penso, que sabiamente, me inibiu, era de morar na beira do rio... Um dia, velhinha, na minha casa, às 3 da manhã, acordando na madrugada, abrimos uma cerveja e ela me disse: Filho, voc~e tem seu destino... ama e sofre... com ele... seus livros, sua palavra é sua vida; você não sabe viver sem isso...
Hoje, ainda, sonho... Uma casa, um rio, meus passarinhos... Mas, também, penso : essa droga que cansa, me maltrata é minha lida, meu ofício...
assim, sigo: sem rio, com o meu quintal, num blog estranho porque é um mistura da vida de um intelectual com meus sonho virginal... Lua é pura... Pura paixão, me ama, e não confessa outro desejo ou razão...
Anne, te quero muito, a você, eu confesso que mesmo sendo tão pródigo na defesa do devir, há um texto O Devir Macunaíma... que guardo na gaveta, por não me crer autorizado a dizer o que não tenho me permitido viver...
Abraços de irmão, na poesia e nos sonhos...
Jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Amigo anônimo, o ego melhorado já não é mais o ego...
falamos de amplitude, impermanência e mutação... Forças ativas Nietzschianas... Uma afirmação produtiva da vida pela vida, sem um ou outro senão...
Abraços, Jorge...